O irmão mais velho do ativista cego Chen Guangcheng conseguiu fugir da prisão domiciliar no vilarejo de Dongshigu, onde ele e parte da família eram vigiados por autoridades chinesas. Chen Guangfu, de 55 anos, denunciou na semana passada que sofreu tortura após ter sido preso pela polícia chinesa por ter ajudado o irmão cego a escapar de 19 meses de prisão domiciliar. Nesta quinta-feira, Guangfu chegou a Pequim e busca a ajuda de advogados para tentar libertar o filho Chen Kegui, de 32 anos, também capturado por forças chinesas.
Antes de deixar Dongshigu, na província de Shandong, autoridades locais ameaçaram Guangfu, dizendo que, se ele falasse com a imprensa, a Justiça chinesa aumentaria a sentença de seu filho, acusado de tentativa de homicídio por ter apontado uma faca a agentes que invadiram sua casa em busca do ativista cego. Ao chegar à capital, Guangfu começou a procurar advogados para a causa do filho e disse à agência Reuters que não pretende se calar.
"Eu acho que, já que eles já estão criando essa situação, por que eu não posso falar? Eu tenho o poder de divulgar isso. Quando me ameaçaram, eu disse a eles que isso não tem base legal alguma. Essa decisão depende somente do poder ou da vontade das autoridades em determinar uma maior pena a Kegui. E com esse ponto, eu não posso concordar", disse o pai.
A mãe de Kegui e esposa de Guangfu, Ren Zongju, também chegou a ser presa sob a acusação de "acobertar" o filho. Livre sob pagamento de fiança, ela disse a repórteres que Kegui foi espancado dentro de casa, durante a invasão de policiais, e depois levado com as roupas rasgadas e manchadas do próprio sangue.
As represálias à família de Chen começaram depois que o ativista cego fugiu da prisão domiciliar no início de abril deste ano. Ele buscou abrigo na embaixada americana, o que causou um sério embaraço diplomático entre os americanos e a China. Após negociações, universidades americanas ofereceram bolsas de estudo para justificar o exílio do ativista cego nos EUA.
Chen chegou esta semana em Nova York, ao lado da mulher e os dois filhos. No entanto, ele continua denunciando abusos de autoridades chinesas contra o resto de sua família que permaneceu no país.