BRASÍLIA — Irritado com o tratamento dispensado pela presidente Dilma Rousseff ao colega da Guiana, David Granger, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, saiu mais cedo da reunião de cúpula de chefes de Estado do Mercosul. A delegação venezuelana abandonou o almoço que seria oferecido pela anfitriã, nesta sexta-feira, após ouvir as declarações de Granger a respeito do que ele chamou de provocações de Caracas, que disputa com o país caribenho uma área fronteiriça denominada Esequibo.
Tudo começou quando Dilma recebia David Granger em um encontro bilateral, momentos antes da reunião de cúpula. Maduro chegou mais cedo e tentou participar da conversa. A presidente brasileira, porém, não autorizou sua entrada.
Durante o encontro entre Dilma e Granger, o presidente da Guiana pediu apoio do Brasil para mediar uma solução pacífica. Dilma aceitou. Mais tarde, enquanto o venezuelano evitou mencionar o assunto no discurso que fez na reunião de cúpula, Granger, que falou depois do venezuelano, fez questão de citar o conflito.
— O mundo inteiro já reconhece nossas fronteiras. A Guiana foi obstruída dentro do desenvolvimento de seu próprio território. Nossos vizinhos expulsaram uma de nossas embarcações petroleiras e nossa economia tem sido paralisada. Já temos provocações incansáveis há muitos anos — disse o presidente da Guiana.
Esequibo é uma zona marítima onde a americana Exxon Mobil descobriu uma importante reserva de petróleo. A expectativa é que Maduro, que participará da reunião de cúpula de presidentes do Mercosul, também converse sobre o tema com Dilma.
Estima-se que o projeto de exploração da Exxon ocorrerá em uma área, terrestre e marítima, de 159.500 quilômetros quadrados. A soberania do lugar é reclamada por Guiana e Venezuela. A fronteira entre os dois países foi delimitada no fim do século XIX.