Simpatizantes islâmicos do presidente egípcio deposto Mohammed Mursi prometem desafiar o estado de emergência declarado no país com novas manifestações neste sábado, 17, um dia depois de marchas no Cairo gerarem as mais violentas batalhas de rua que a capital egípcia já testemunhou em mais de dois anos.
Mais de 80 pessoas foram mortas na sexta-feira, 16, no que a Irmandade Muçulmana descreveu como "Dia de Fúria", provocado pela revolta de manifestantes com as forças de segurança egípcias, que há poucos dias empregaram violência para desfazer dois acampamentos de protesto, num enfrentamento que deixou centenas de mortos.
No amanhecer deste sábado, 17, no Cairo, forças de segurança enfrentavam um impasse com partidários de Mursi. Centenas de pessoas se refugiaram durante a madrugada na mesquita Al-Fatah e empilharam móveis na porta de entrada para evitar uma invasão policial. Após negociações, pequenos grupos deixaram a mesquita no final da manhã (pelo horário egípcio), mas acredita-se que a maioria dos manifestantes continue no local. A mesquita, localizada na Praça Ramsés, palco de alguns dos confrontos mais violentos de ontem, está sendo usada como hospital e necrotério provisórios.
Pelo menos 72 civis e dez policiais morreram nos enfrentamentos da sexta-feira, 16. Na semana, o número de mortos em todo o Egito ultrapassou 700. O total já é superior ao número de mortes causadas ao longo de vários protestos realizados desde a queda do ex-ditador Hosni Mubarak, há dois anos e meio, até a deposição de Mursi, que pertence à Irmandade Muçulmana, em 3 de julho.
Segundo a página na internet da Irmandade, Ammar, filho do líder espiritual do grupo, Mohammed Badei, foi morto nos conflitos de ontem.