Em clima de desconfiança, o Egito concluiu no sábado a polarizada eleição presidencial, a primeira desde a queda do ex-ditador Hosni Mubarak, em 2011.
O ceticismo em torno da transição cresceu com a decisão do Supremo de dissolver o Parlamento dominado por islamitas. A junta militar assumirá o Legislativo. Hoje será anunciado um "decreto constitucional provisório" definindo os poderes do presidente, já que o Parlamento dissolvido tinha como tarefa redigir a nova Carta.
Líderes da Irmandade Muçulmana, o principal partido do Parlamento dissolvido na semana passada, criticaram a decisão. Segundo a legenda, o Exército não tem o direito de emitir decretos constitucionais para formar uma Assembleia Constitucional e está "dando um golpe no processo democrático".
Certa de que obterá uma vitória histórica nas eleições, mas temerosa de uma manobra do antigo regime para sabotá-la, a Irmandade Muçulmana adotou um discurso duplo, no último e decisivo dia da eleição presidencial do Egito. "Dificilmente perderemos", disse o chefe de campanha da Irmandade, Ahmed Aty, com base em projeções do partido.
Mas, na espaçosa casa que serve de quartel-general do candidato presidencial Mohamed Mursi, no centro do Cairo, a confiança era permeada por sinais de que uma derrota será considerada produto de fraude.
Frustrados diante de duas opções que abominam, um islamita e Ahmed Shafiq, ex-membro do antigo regime, jovens "revolucionários" fizeram campanha pelo boicote. A campanha preocupa a Irmandade, que contava com o voto de protesto a Shafiq dos revolucionários.