Jogo de interesses
Países africanos em região de conflito são grandes fornecedores de minério e petróleo para a Europa.
Argélia
Sexto maior exportador de gás natural do mundo, e dono da 16ª maior reserva de petróleo. É a origem de um quarto das importações de gás natural da Europa.
Mauritânia
Grande produtor de minério de ferro, que responde por 40% de suas exportações.
Costa do Marfim
Maior produtor e exportador de cacau do mundo, boa parte do qual passa por empresas franceses, seu país ex-colonizador.
Guiné
País com a maior reserva de bauxita no mundo principal fonte de alumínio, existente em abundância na crosta terrestre.
Níger
Possui algumas das maiores reservas de urânio do mundo, muitas delas controladas pela empresa de energia francesa Areva a França é o país mais dependente de energia nuclear do mundo.
Marrocos
Grande parceiro econômico dos EUA e da Europa. Produtor de fosfatos, de onde se retira o fósforo, usado na indústria e como adubo na agricultura.
Fonte: CIA World Facbook, Reuters
Militantes islâmicos atacaram ontem um campo de exploração de gás na Argélia, sequestrando 41 estrangeiros incluindo sete americanos. Três, entre eles um britânico e um francês, foram mortos.
A brigada Signatários por Sangue, que se diz afiliada à rede Al-Qaeda, afirmou que o atentado foi motivado pela decisão argelina de permitir que a França utilize o seu espaço aéreo para atacar islamitas no Mali.
A França bombardeia militantes no país africano desde sexta-feira, em intervenção chancelada pela ONU e apoiada pela comunidade internacional. Ontem foram iniciados os combates terrestres.
Islamitas haviam ameaçado a França, afirmando que o Mali seria ao país uma armadilha mais perigosa do que haviam sido, aos americanos, Afeganistão e Iraque.
O ataque foi realizado na região sul da Argélia, próximo ao campo de In Amenas.
De acordo com o Ministério do Interior argelino, "um grupo terrorista, fortemente armado e usando três veículos, lançou um ataque [...] a cerca de 100 quilômetros da fronteira entre a Argélia e a Líbia".
O campo de In Amenas é operado por grupos que incluem a britânica BP, a norueguesa Statoil e a estatal argelina Sonatrach. Homens armados ocupavam o campo até o momento.
De acordo com o governo argelino, o atentado foi iniciado com uma emboscada a um ônibus que transportava funcionários do campo para o aeroporto.
Os terroristas, no entanto, foram repelidos e seguiram dali para as instalações.
O Ministério do Interior da Argélia diz que o grupo envolvido no atentado tem cerca de 20 indivíduos que não vêm do Mali, da Líbia "ou de qualquer outro Estado vizinho".
A Argélia havia anunciado, na terça-feira, o fechamento de suas fronteiras com o Mali. No entanto, a divisa de 2.000 quilômetros no deserto é considerada inviável de vigiar.
Entre os sequestrados estão cinco japoneses a serviço a empresa de engenharia JGC Corp, um francês, um austríaco, um irlandês, 13 noruegueses e diversos britânicos. O Departamento de Estado dos EUA confirmou que há americanos entre os reféns.
Sequestrador"Sr.Marlboro", líder de milícia jihadista, é militante veterano
Mokhtar Belmokhtar, comandante da brigada Al Muwaqiun bi al Dam (Signatários por Sangue), liderou por anos guerreiros da Al-Qaeda no norte da África antes de criar o próprio batalhão. Ele é chamado pela inteligência francesa de "o incapturável".
Foi o grupo chefiado por ele que assumiu os ataques terroristas de ontem, na Argélia, em que 41 estrangeiros foram sequestrados no país.
De acordo com a agência de notícias da Mauritânia ANI, que mantém contato frequente com militantes na região, Belmokhtar é um jihadista veterano do deserto do Saara, além de rei do crime.
Ele está ligado a uma série de sequestros de estrangeiros na região, durante a última década. Nascido na Argélia em 1972, tem fama de um dos líderes jihadistas mais ousados dessa região desértica.
É um dos senhores da guerra mais conhecidos do Saara de acordo com a rede Al Arabiya. Ele fez fama traficando cigarros, pelo que ganhou o apelido de "sr. Marlboro".
Entrevistas com Belmokhtar em fóruns jihadistas apontam que ele começou suas atividades aos 19 anos, quando viajou ao Afeganistão para treinamento de combate. Ele retornou para a Argélia em 1992, segundo os registros.
Belmokhtar participou de diversas redes militantes islamitas. Em seguida, afiliou-se à franquia da Al-Qaeda no norte da África, de que mais tarde se desligou. Ele é sentenciado à prisão perpétua pelas autoridades argelinas.