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O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, e o embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU), Gilad Erdan, criticaram duramente nesta quarta-feira (6) o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, por sua decisão de invocar uma cláusula rara na carta da organização para pedir a intervenção do Conselho de Segurança no conflito em curso entre o Estado judeu e os terroristas do Hamas em Gaza.
Guterres invocou o Artigo 99 da carta da ONU, que afirma que “o secretário-geral pode chamar a atenção do Conselho de Segurança para qualquer assunto que, em sua opinião, possa ameaçar a manutenção da paz e da segurança internacionais”. É a primeira vez que o representante da ONU faz uso do artigo desde que assumiu o cargo em 2017, e a primeira vez que qualquer secretário-geral o utiliza desde 1989. Por meio de uma carta divulgada nas redes sociais, o português instou o Conselho de Segurança para que decida por um “cessar-fogo humanitário” no enclave palestino.
Cohen afirmou que a decisão de Guterres “constitui um apoio à organização terrorista do Hamas e um endosso ao assassinato de idosos, ao sequestro de bebês e ao estupro de mulheres”. Ele acrescentou que “qualquer pessoa que apoie a paz mundial deve apoiar a libertação de Gaza do Hamas”.
Erdan acusou Guterres de “atingir um novo ponto baixo moral” e disse que “o pedido de cessar-fogo do secretário-geral é na verdade um pedido para manter o reinado de terror do Hamas em Gaza”. Ele pediu que Guterres “renunciasse imediatamente”, alegando que a ONU precisa de um “secretário-geral que apoie a guerra ao terror”, e não um que “aja de acordo com o roteiro escrito pelo Hamas”.
Israel tem criticado fortemente a ONU por suas decisões sobre o conflito em curso no Oriente Médio. Nesta terça-feira (5), o Estado judeu cancelou o visto de Lynn Hastings, coordenadora humanitária da ONU nos territórios palestinos, acusando-a de omissão em condenar os ataques terroristas do Hamas, ocorridos contra Israel no dia 7 de outubro. Tais ataques resultaram em cerca de 1,2 mil pessoas mortas no território israelense.