Israel admitiu nesta quarta-feira (4) que um de seus tanques matou três meninas cujo o choro do pai, ao vivo na televisão, chocou os espectadores nos últimos dias da ofensiva israelense contra o grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
Uma investigação do Exército israelense (IDF, na sigla em inglês) concluiu que dois tiros de tanque foram disparados contra um prédio onde morava Izz el-Deen Aboul Aish, matando três de suas filhas e ferindo vários familiares.
Na primeira conclusão de uma série de investigações iniciadas após as denúncias de mortes de civis em Gaza, o Exército disse que soldados em combate em uma área populosa pensaram ter identificado militantes na laje do prédio.
"Durante o fogo cruzado pelo Exército (israelense), pessoas suspeitas foram identificadas no topo da casa do sr. Aboul Aish e foram classificadas como sendo atiradores do Hamas", disse o comunicado do Exército.
"O comandante da tropa deu ordens para atirar... Foi neste tiroteio que as três filhas do sr. Aboul Aish foram mortas. Após o tiroteio, gritos foram ouvidos... e imediatamente tropas da IDF pararam de atirar".
Aboul Aish disse que ele sabia desde o início que suas filhas haviam sido mortas por fogo israelense.
"Graças a Deus que a verdade foi revelada", disse o ginecologista cujo pedido de ajuda no canal de televisão israelense Channel 10, no dia 16 de janeiro, foi acompanhado ao vivo durante o principal telejornal da noite, após o médico ligar para o celular de um correspondente da emissora, emocionando vários israelenses.
"Eu tinha certeza que meu caso era justo", afirmou Aboul Aish à Reuters, por telefone, de um hospital israelense onde alguns de seus familiares estão sendo tratados.
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse que se emocionou ao ouvir o choro de Aboul Aish na televisão.
Israel iniciou sua ofensiva no dia 27 de dezembro com o objetivo de cessar os ataques do Hamas a cidades do sul do país.
As mortes de mais de 1.300 palestinos, cerca de 700 deles civis, de acordo com uma contagem independente, não afetou o apoio do público israelense à ofensiva. Três civis e 11 soldados israelenses morreram durante o conflito, que terminou no dia 18 de janeiro com a declaração de cessar-fogo por Israel e Hamas.