Israel vai mobilizar reservistas do Exército para participar dos ataques contra a Faixa de Gaza, iniciados no sábado, informou neste domingo (28) o gabinete do premiê Ehud Olmert.
A decisão indica que a ofensiva israelense ao território palestino controlado pelo movimento Hamas deve ampliar-se e que pode incluir o uso de forças terrestres, não descartadas pelo Ministério da Defesa. O número de reservistas a ser convocado não foi divulgado.
Já passa de 270 o número de mortos nos bombardeios a alvos militares do movimento islâmico em Gaza, informaram neste domingo os serviços de emergência palestinos. É o mais intenso ataque de Israel a alvos palestinos pelo menos desde a Primeira Intifada, em 1987.
O número de feridos passa de 750, 120 deles em estado grave, segundo o médico Muawiya Hassanein, responsável pela emergência no território.
Em represália ao ataque israelense, o Hamas lançou foguetes contra Israel no sábado. Uma civil israelense morreu e quatro pessoas ficaram feridas em uma casa atingida em cheio na cidade de Netivot.
Novos bombardeios
O Hamas e testemunhas relataram novos ataques aéreos israelenses a Gaza neste domingo. Teriam sido atacadas a Cidade de Gaza, o campo de refugiados de Jabaliyah, e o norte e o sul do território, nas cidades de Khan Yunes e Rafah. Israel não confirmou oficialmente os ataques.
Um dos ataques teria ferido 10 policiais do Hamas. Outra ação teve como alvo o edifício do "conselho de ministros" do Hamas em Gaza. As ruas da cidade de Gaza estavam praticamente desertas, com lojas e escolas fechadas em sinal de luto.
ONU pede fim dos ataques
Também neste domingo, o Conselho de Segurança da ONU pediu o fim imediato de todas as atividades militares na Faixa de Gaza e apelou para que todos levem em conta a crise humanitária no território de 1,5 milhão de habitantes.
O embaixador da Croácia na ONU, Neven Jurica, leu um comunicado em nome dos 15 integrantes do conselho, no qual pede "o cessar imediato de toda violência" e a interrupção imediata de todas as atividades militares.
O texto não menciona explicitamente Israel nem o Hamas.
Antes da reunião em caráter de urgência, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou em comunicado que estava "profundamente alarmado" pela "dura violência e o derramamento de sangue em Gaza, assim como pela violência no sul de Israel".
Ele pediu o "fim imediato da violência" e, embora tenha reconhecido as preocupações em matéria de segurança de Israel "pelo contínuo lançamento de foguetes de Gaza", reiterou a obrigação desse país de "respeitar os direitos humanos e o direito humanitário internacional".
Ban assegurou que entraria em contato imediato com líderes regionais e internacionais, incluindo os membros do quarteto de mediadores internacionais para o Oriente Médio (ONU, Estados Unidos, União Européia e Rússia), "em um esforço para dar fim à violência".
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse neste domingo que o Hamas poderia ter impedido o ataque israelense a Gaza. "Nós falamos com eles e pedimos que não terminassem a trégua, para que pudéssemos ter evitado o que aconteceu", disse ele no Cairo.
Abbas referia-se à trégua de seis meses no território, patricinada pelo governo egípcio, e que foi rompida unilateralmente pelo Hamas no último dia 19. O fim da trégua provocou uma escalada de violência na região, com militantes palestinos lançando ataques contra território israelense. Isso levou o governo de Israel aos ataques do sábado, após alguns dias de ameaças.
O premiê de Israel, Ehud Olmert, disse neste domingo que seu governo vai agir com "sensatez, paciência e firmeza" até "alcançar os resultados desejados" na ofensiva militar. A declaração foi feita durante a reunião semanal com o conselho de ministros.
Os ministros de Relações Exteriores dos países árabes devem se reunir na próxima quarta-feira no Cairo a fim de analisar os ataques, informou o secretário-geral da Liga Árabe, Amre Moussa. Na reunião, será buscada uma posição de consenso no caso.
O chanceler do Egito, Ahmed Abul Gheit, disse que está tentando obter um novo cessar-fogo entre as partes que possa ser transformado em uma trégua.
Como foram os ataques de sábado
A Força Aérea de Israel lançou um ataque aéreo com aviões e helicópteros contra alvos do movimento islâmico Hamas em toda a Faixa de Gaza às 11h30 locais (7h30 de Brasília) do sábado. Foi o maior ataque israelense a forças palestinas desde março deste ano.
Mais de 270 pessoas morreram vítimas do ataque na Cidade de Gaza e em outras cidades e campos de refugiados, principalmente no norte do território. Os hospitais confirmam mortes na Cidade de Gaza e também em Khan Younis e Rafah, no sul do território. Muitos civis e crianças estão entre as vítimas, e os hospitais estão lotados, segundo testemunhas.
O ministério israelense da Defesa confirmou o ataque, informou que não houve baixas israelenses e disse que mais ações militares contra alvos do Hamas serão tomadas se for julgado necessário.
A aviação israelense atacou 230 objetivos do Hamas, informou o Exército de Israel no domingo. Segundo o porta-voz, os alvos foram infra-estruturas militares do movimento islâmico como edifícios, arsenais e zonas de lançamento de foguetes.
O ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, disse que a operação israelense no território vai ser ampliada e expandida. "Não vai ser fácil e não vai ser curto", disse Barak. "Há tempo para a calma e tempo para a luta, e agora chegou a hora de lutar."
Hamas, Jihad Islâmica e outros grupos islâmicos prometeram "vingança". O Hamas pediu a seus integrantes que "vinguem pela força" a agressão de Israel, segundo comunicado difundido por rádio.
"Todos os combatentes estão autorizados a responder à matança israelense", disse um comunicado divulgado pela Jihad Islâmica.
As declarações levaram Israel a deixar a polícia em estado de alerta em todo o território do país.
Ainda no sábado, o governo do Egito abriu a passagem de Rafah, na fronteira com Gaza, para permitir a entrada de ajuda humanitária e a saída de feridos pelo bombardeio. No domingo, o ministro egípcio de Relações Exteriores acusou o Hamas de estar impedindo a evacuação de feridos.
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