O Exército de Israel bombardeou durante a noite o território da Síria, perto da passagem de Al Arida, na fronteira com o Líbano, para destruir uma rota de tráfico de armas e infraestruturas terroristas utilizadas pelo Hezbollah.
“Este ataque é outro elemento nos esforços do Exército para desmantelar as rotas de tráfico de armas utilizadas pelo regime sírio na fronteira sírio-libanesa nas últimas semanas”, afirmou um comunicado militar israelense na manhã desta sexta-feira (6).
As Forças Armadas israelenses afirmaram que estes ataques na Síria visam degradar os esforços da Unidade 4400 do Hezbollah, que se dedica a entregar armas do Irã ao grupo terrorista xiita.
Israel alega que o Hezbollah conta com o apoio do regime sírio, que sofre agora com uma ofensiva de rebeldes islâmicos, e aproveita a infraestrutura civil deste país para contrabandear armas.
A cúpula militar israelense realizou nesta quinta-feira (5) uma reunião para discutir a situação na Síria, pouco depois de os insurgentes terem assumido o controle da cidade de Hama, a quarta maior do país.
Um dos receios das autoridades israelenses, segundo a emissora de rádio pública Kan, é que os rebeldes, em seu avanço em direção à cidade de Homs, cheguem à fronteira nas Colinas de Golã.
O jornal Yediot Ahronot apontou três principais ameaças a Israel na Síria, que poderiam aproximar o país do conflito: a chegada de armas sírias às mãos dos rebeldes durante seu avanço, a necessidade do regime de Bashar al Assad de ajuda iraniana neste momento e a criação, no futuro, de um exército financiado pelo Irã na Síria.
A publicação adverte que o avanço dos rebeldes poderá fazer com que caiam nas suas mãos armas, mísseis e até armas químicas que estão em poder do regime no centro e no sul do país.
Por outro lado, a fraqueza do regime sírio e a “incapacidade da Rússia em protegê-lo” conduzem, segundo o jornal, a um cenário em que Assad terá de aceitar a ajuda do Irã, aumentando ainda mais a influência da república islâmica nos países vizinhos de Israel em um momento em que ambos os países mantêm uma troca constante de ameaças.
Por fim, o jornal alerta para um último cenário: a queda do regime sírio, tornando o país um Estado falido no qual o Irã pode financiar a criação de uma milícia dedicada a atacar Israel.
"O Exército está monitorando de perto os desenvolvimentos e está preparado para qualquer cenário, tanto ofensivo quanto defensivo. O Exército não tolerará ameaças perto da fronteira entre o Líbano e a Síria e frustrará qualquer ameaça contra o Estado de Israel", disseram as Forças Armadas israelenses em um breve comunicado.
O jornal The Times of Israel, citando uma autoridade israelense sob condição de anonimato, afirmou nesta quinta-feira que a esperança das autoridades israelenses é que o conflito interno na Síria enfraqueça ambos os lados, e garantiu que o país não tem intenção de tomar um partido.