Líderes israelenses descreveram o Irã como uma ameaça ao mundo na quarta-feira, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, e prometeram que o povo judaico nunca mais será vítima de um regime fanático.
No dia 27 de janeiro de 1945, as tropas do Exército Vermelho soviético liberaram o maior e mais conhecido campo de extermínio nazista em Auschwitz, perto do vilarejo de Oswiecim, no sul da Polônia, onde até 1,5 milhão de pessoas, em sua maioria judeus, morreram durante a Segunda Guerra Mundial.
"O dia de hoje não representa apenas um dia em memória das vítimas, não somente as dores na consciência da humanidade em face à atrocidade incompreensível ocorrida, mas também a tragédia derivada da procrastinação em agir", disse o presidente israelense, Shimon Peres, ao Parlamento alemão.
"Nunca mais ignorem ditadores sedentos de sangue, escondendo-se por trás de máscaras demagógicas, que proferem slogans assassinos", afirmou ele.
Falando em hebraico, Peres atacou o Irã, cujo presidente Mahmoud Ahmadinejad nega que o Holocausto tenha ocorrido e que já pediu a destruição de Israel.
"As ameaças de aniquilar um povo e um país são expressas à sombra de armas de destruição em massa, que estão sendo mantidas em mãos irresponsáveis, pelo pensamento irracional e numa linguagem insincera", afirmou Peres.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também salientou a necessidade de vigilância pouco depois de comparecer à cerimônia em Auschwitz, ao lado de líderes poloneses e ministros de governo de cerca de outros 30 países.
Tragédia
"Eu acho que a tragédia do povo judeu foi de não ter capacidade de reconhecer o perigo a tempo nem a capacidade de se proteger após reconhecer (o perigo)", disse Netanyahu a jornalistas.
"Essa situação mudou totalmente nos últimos 65 anos. (Nós viemos aqui para dizer que) somos uma nação capaz de nos defender e um país capaz de alertar as nações do mundo sobre o perigo", acrescentou ele.
Peres, de 86 anos, recordou os horrores do Holocausto em seu discurso transmitido pela televisão nacional alemã e se lembrou de como seu avô morreu queimado numa sinagoga da Bielo-rússia que havia sido trancada do lado de fora pelos nazistas.
Ele também fez uma homenagem aos laços estreitos da Alemanha democrática do pós-guerra com o Estado de Israel e elogiou os iranianos que protestaram contra o resultado da eleição presidencial do ano passado, que permitiu a volta de Ahmadinejad ao poder.
"Assim como nossos vizinhos, nós nos identificamos com os milhões de iranianos que se revoltam contra a ditadura e a violência", disse ele.
O tema da cerimônia em Auschwitz, ocorrida em temperaturas abaixo de zero e à qual compareceram cerca de 150 sobreviventes de campos de morte, foi o ensino sobre o Holocausto aos jovens.
"Este lugar determinou quem sou eu hoje, com quase 90 anos. Eu ainda tenho uma missão - transmitir à próxima geração o conhecimento do que aconteceu aqui", disse o sobrevivente do campo August Kowalczyk a repórteres no local.
Kowalczyk, que é ator aposentado, passou dois anos no campo a partir de 1940 e foi um dos pouquíssimos prisioneiros a escapar com vida.
Em um artigo publicado no tablóide polonês Fakt na quarta-feira, o presidente da Polônia, Lech Kaczynski, salientou a importância da educação para ajudar a garantir que atrocidades ao estilo nazista não voltem a ocorrer.
"Ao focalizarmos na educação, protegemos o futuro de nossas sociedades e países da repetição do mesmo pesadelo da manipulação totalitária que levou ao estabelecimento de locais como Auschwitz-Birkenau", escreveu ele.
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