As Forças Armadas israelenses divulgaram nesta quarta-feira ter matado pelo menos 130 integrantes do Hezbollah nas duas semanas de combates no Líbano, rebatendo o total bem menor informado pelo grupo militante e sinalizando uma possível dificuldade para manter o apoio da opinião pública à operação.
Ao mesmo tempo, a imprensa em língua árabe afirmou que as forças israelenses perderam até 13 soldados numa emboscada realizada ao amanhecer no sul do Líbano.
A Rádio Israel, que não informa detalhes sobre mortes enquanto a família da vítima não for notificada, disse que o incidente pode ser decisivo para uma eventual mudança na opinião pública, que até agora deu apoio total à guerra.
O tenente-general Dan Halutz havia dito, na semana passada, que a ofensiva aérea lançada depois do sequestro de dois soldados pelo Hezbollah no dia 12 de julho havia matado "cerca de 100" guerrilheiros.
Segundo o Exército, os novos ataques terrestres contra redutos do Hezbollah no sul do Líbano mataram pelo menos mais 30 integrantes do grupo.
- Há um combate violento, e não temos condições de verificar a pulsação de cada baixa do inimigo - disse uma porta-voz do Exército.
Total diferente
O total divulgado pelo Hezbollah é bem diferente. De acordo com a organização, 28 de seus integrantes foram mortos. O número foi informado num pronunciamento à TV feito pelo líder do grupo, Sayyed Hassan Nasrallah, na terça-feira. Outros 15 membros da milícia libanesa Amal, aliada do Hezbollah, também morreram, segundo o anúncio.
As autoridades israelenses acusam Nasrallah de fazer apenas propaganda. Mas militares israelenses lembram que ele costuma dar números corretos de baixas, e atribuem a diferença a uma possível incapacidade do grupo de receber dados de todas as áreas de combate.
Nasrallah acusou Israel de exagerar as baixas do Hezbollah dentro de uma campanha psicológica:
- Não escondemos nossos mártires. Se algum de nossos líderes ou de nossos combatentes for morto, anunciamos e ficamos orgulhosos.
42 soldados
Israel confirmou ter perdido 42 soldados e civis vítimas do fogo do Hezbollah, seja em ataques aéreos seja em ataques por terra.
O total representa apenas 10% dos cerca de 420 libaneses mortos nos ataques israelenses, mas ainda assim tem forte impacto no Estado judaico, que encara sua superioridade militar como essencial para sua sobrevivência, especialmente diante da ameaça representada pelos arquiinimigos Irã e Síria -- ambos patrocinadores do Hezbollah.
Alon Ben-David, analista especializado em Israel da revista Jane's Defence Weekly, disse ter percebido que o alto comando do Exército está priorizando a documentação e a divulgação das baixas do Hezbollah.
Segundo fontes da área da segurança, os soldados israelenses que retornam dos combates informam sobre os alvos atingidos. Espiões israelenses observam os enterros realizados no Líbano, para determinar se tratava de combatentes ou não. Sondas espiãs com câmeras térmicas examinam guerrilheiros caídos para detectar corpos.
- Acho que as Forças Armadas acreditam que ganham impulso moral ao informar ao público as baixas do Hezbollah - disse Ben-David. - Não concordo. Para israelenses que enfrentam grandes perdas em confronto, a idéia de um maior número de baixas do inimigo é irrelevante.