Jerusalém O Líbano foi castigado ontem, pelo sexto dia consecutivo, com novos bombardeios israelenses em represália pela captura de dois soldados e pelos disparos de foguetes do Hezbollah em direção ao território do Estado hebreu, sem que sejam dados sinais de um cessar-fogo, apesar dos esforços internacionais.
Cerca de 210 civis mortos e mais de 500 feridos desde o início da ofensiva em 12 de julho. Um brasileiro ainda não identificado morreu na noite de domingo em um ataque aéreo contra um edifício residencial de Tiro, no sul do Líbano.
A aviação israelense bombardeou ontem Beirute, matando 48 pessoas e aumentando a destruição de infra-estrutura do país, no pior ataque israelense ao Líbano em duas décadas. Dez dos mortos eram pessoas que atravessavam uma ponte e outros seis eram moradores de um vilarejo no sul do país.
Ao mesmo tempo, o Hezbollah prosseguiu com os ataques contra o norte israelense, que já mataram 24 pessoas (12 civis) e feriram mais de cem. Mais de 40 foguetes caíram ontem em cidades e vilarejos perto da fronteira libanesa. Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas. Um dos projéteis quase atingiu o hospital de Safed e um outro caiu num prédio de apartamentos em Haifa, a terceira maior cidade israelense. O edifício, de três andares, desmoronou, mas não houve vítimas. Vários foguetes atingiram Haifa e o governo israelense decidiu fechar o porto da cidade, deslocando o transporte de carga e passageiros para o porto de Ashdod, mais ao sul.
Em Beirute, o primeiro-ministro do Líbano, Fuad Siniora, declarou ontem que os bombardeios israelenses causaram "bilhões de dólares" de prejuízos ao país, que ainda se recupera da guerra civil (19751990).
Embora nada leve a pensar que a intensidade dos ataques israelenses vá diminuir, diversas autoridades do Estado hebreu expressaram seu desejo de pôr fim a esta crise. "Quando vejo o que está acontecendo, meu instinto me diz que é preciso acabar com tudo, mas a razão me obriga a atuar com responsabilidade porque no fim das contas, os combates terminarão graças à diplomacia, via Estados amigos com os quais já estamos em contato", declarou o primeiro-ministro Ehud Olmert. Pouco depois, no entanto, Olmert, falando ao parlamento, foi mais duro em sua posição, afirmando que continuará com sua luta contra o terrorismo na Faixa de Gaza e no Líbano. Denunciou ainda o "eixo do mal" formado por Teerã e Damasco, aos quais acusou de serem os responsáveis pela violência do Líbano contra Israel.
As autoridades israelenses exigem, antes da interrupção de seus bombardeios, a libertação dos dois soldados, o fim dos disparos de foguetes contra seu território e o cumprimento da Resolução 1559 da ONU que prevê o desarmamento das milícias armadas.
O Hezbollah rejeitou ontem uma proposta internacional de cessar-fogo apresentada por enviados estrangeiros das Nações Unidas e União Européia, alegando que a trégua apresentava "condições israelenses". "Os enviados internacionais transmitiram as condições israelenses. Essas condições foram recusadas", afirmou Hussein Haj Hassan, parlamentar do Hezbollah.