Os passos
Para ser reconhecida como Estado e se tornar membro pleno da Organização das Nações Unidas (ONU), a Palestina precisa se submeter a várias etapas.
Pedido
- Primeiro, a Autoridade Nacional Palestina precisa fazer um pedido de reconhecimento ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que o encaminhará para o Conselho de Segurança (CS).
Votação
- O pedido será votado e é preciso que 9 dos 15 países membros do CS o aprovem. Se for vetado por um dos cinco membros permanentes, a Palestina perde a chance de se tornar um Estado pleno, mas ainda pode conseguir o título de Estado observador não membro em votação na Assembleia Geral, da qual participam 193 nações.
Decisão
- A decisão do Conselho de Segurança deve sair somente em outubro. Se for aprovado pelo CS, o pedido ainda precisará do aval de dois terços dos 193 países da Assembleia Geral da ONU.
Ahmadinejad ataca o Ocidente e os Estados Unidos
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, usou seu discurso ontem no plenário da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para criticar os Estados Unidos e o Ocidente, ao dizer que os EUA usaram os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 como uma desculpa para irem à guerra no Oriente Médio, em busca do lucro e do poder. Os ataques de Ahmadinejad são parecidos àqueles feitos há alguns dias pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.
Quando o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, subirem hoje ao púlpito da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para expor a sua versão sobre a paralisia e as perspectivas das negociações de paz no Oriente Médio, uma outra batalha ocorrerá nos bastidores.
A proposta francesa de um cronograma visando a um acordo definitivo no prazo de um ano foi considerada realista. Mas esbarra em três fatores: desafia o papel hegemônico da diplomacia norte-americana na região; o governo palestino do Fatah a superar as divergências com o Hamas; e a gestão Netanyahu a enfrentar a oposição política de seus aliados da direita ultranacionalista.
O plano apresentado pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, defendia a elevação da Palestina ao status de Estado observador na ONU e um cronograma claro: em um mês, haveria acordo sobre fronteiras; em seis meses, o entendimento sobre questões de segurança e, finalmente, em um ano, estaria pronto o acordo definitivo. O posicionamento prático agradou ao público palestino, decepcionado pelo discurso do presidente americano, Barack Obama. Ou "presidente Barack Netanyahu", como ironizou o colunista Akiva Eldar, do diário Haaretz, criticando a passividade do americano que mantém o atual status quo nos territórios disputados e favorece à inoperância do governo Netanyahu.
"Nossa primeira vitória é acabar com o monopólio americano do processo de paz. Os EUA não podem comandar negociações tratando a questão israelense-palestina como uma questão interna de Israel, deixando que façam o que quiserem. Ou como uma questão interna americana, com um presidente preocupado em como lobistas judeus vão votar em 2012. Pela primeira vez, Israel será obrigado a tomar uma iniciativa", disse Eyad al-Sarraj, psicólogo e ativista político.
Morador da Cidade de Gaza, Sarraj vê poucas esperanças da retomada de negociações, uma vez que ambos os lados são reféns de suas próprias realidades políticas com o Hamas e a ultradireita israelense do mesmo lado, se opondo às negociações.
Para Avi Gil, ex-diretor do Ministério das Relações Exteriores de Israel, falta uma diplomacia mais sofisticada. E, principalmente, discrição.
"Quando se envolve a mídia, a opinião pública, num mundo de internet, de informação, [negociações] viram um teatro e não diplomacia bruta. É preciso um esforço prático, de bastidores. Meu conselho aos israelenses é que coloquem sobre a mesa suas posições sobre a fronteira e sobre as necessidades de segurança para dar seriedade ao processo", disse Gil.
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