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A maior organização de sindicatos de Israel, a Histadrut, anunciou neste domingo (1º) uma greve geral a partir desta segunda-feira (2), que incluiria o aeroporto internacional de Tel Aviv, em apoio ao movimento de protesto que exige uma trégua com o grupo terrorista Hamas que permita a libertação de todos os reféns que ainda estão na Faixa de Gaza.
Nesta segunda, manifestantes israelenses bloquearam, logo no início da manhã, diversos cruzamentos e estradas no país, como ponto de partida para o dia de greve geral.
“Amanhã, a partir das 6h da manhã (horário local, 0h de Brasília), a economia israelense irá parar. Às 8h da manhã (2h) o aeroporto será fechado e as decolagens e pousos serão suspensos", disse no domingo o presidente da Histadrut, Arnon Bar-David, em comunicado.
“Não tolerarei o abandono” dos reféns, acrescentou.
Após uma reunião com os familiares dos sequestrados, Bar-David garantiu que “um acordo [de trégua] é mais importante do que qualquer outra coisa” e que o governo israelense não o assinou “devido a considerações políticas”.
“Estamos recebendo bolsas com cadáveres em vez de um acordo. Cheguei à conclusão de que só a nossa intervenção poderá mobilizar quem precisa de ser mobilizado”, frisou.
O Exército israelense confirmou neste domingo que os corpos que recuperou no sábado (31) à noite em um túnel no sul da Faixa de Gaza correspondem aos de seis reféns – quatro homens e duas mulheres – que os terroristas do Hamas raptaram durante o massacre do dia 7 de outubro.
A confirmação alimentou a fúria dos familiares dos reféns, que acreditam que seus entes queridos estariam vivos se o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tivesse assinado um pacto com o Hamas, ao qual a maioria do seu gabinete se opõe.
Conforme informações do jornal israelense Times of Israel, diversos manifestantes bloquearam rodovias e ruas em Tel Aviv. Viagens em aeroportos também foram afetadas. O aeroporto internacional Ben Gurion, em Tel Aviv, suspendeu as partidas de voos por duas horas, embora tenham sido retomadas recentemente.
Nas imagens divulgadas pelos organizadores, mais de 100 de pessoas podem ser vistas no cruzamento de Ra’anana, no centro de Israel e a cerca de 15 quilômetros de Tel Aviv, hasteando bandeiras nacionais enquanto grande parte do trânsito permanece interrompido.
Um tribunal trabalhista de Israel decidiu que a greve deveria acabar durante à tarde, decisão que, segundo o Times of Israel, foi acatada pelos líderes do movimento.
Na noite de domingo, diversas pessoas já haviam saído às ruas em Tel Aviv para protestar contra Netanyahu, exigindo eleições antecipadas e a assinatura de um acordo de trégua com o Hamas que, segundo informações, permitiria a libertação dos 97 reféns que permanecem em Gaza, dos quais um terço já tiveram suas mortes confirmadas.
As negociações para um cessar-fogo que permitiria a libertação dos reféns restantes em Gaza caíram em um impasse em meio a acusações cruzadas entre as partes de acrescentar novas exigências à proposta de trégua que os Estados Unidos apresentaram em maio.
Desde que a guerra no Oriente Médio eclodiu, há quase 11 meses, foi alcançada apenas uma trégua de uma semana no final de novembro de 2023, que permitiu a libertação de 105 reféns.
Um ministro do Likud, partido de Netanyahu, disse neste domingo à emissora Canal 12 que o primeiro-ministro está preocupado com o renovado movimento de protesto antigovernamental, que atingiu seu clímax pouco antes do início da guerra, em 7 de outubro, após o ataque terrorista do Hamas, que culminou em 1,2 mil mortes e 251 sequestrados.