Israel lançou nesta segunda-feira (4) um serviço de ônibus exclusivos para palestinos descrito como "racista" por ativistas de direitos humanos, mas considerado uma "melhora" para o Ministério dos Transportes do país. De acordo, diário local "Haaretz", as linhas foram inauguradas para levar trabalhadores da Cisjordânia, depois que colonos judeus reclamaram que ônibus misturados poderiam representar um risco a segurança.
"Criar linhas separadas de ônibus para israelenses e palestinos é um plano revoltante", disse Jessica Montell, diretora de um grupo de ativistas B'Tselem em entrevista à rádio do Exército israelense. "Isso é simplesmente racismo. Tal plano não pode ser justificado com argumentos pela segurança ou de superlotação", criticou.
Já o Ministério dos Transportes israelense afirma que as linhas irão "melhorar os serviços para os trabalhadores palestinos que entram em Israel" e substituir os ônibus piratas que circulam na região e cobram "preços exorbitantes".
"O Ministério dos Transportes não divulgou nenhuma instrução ou proibição que impede trabalhadores palestinos de utilizarem o transporte público em Israel, ou na Judeia ou na Samária", disse o órgão, em nota. "Além disso, o Ministério dos Transportes não está autorizado a impedir qualquer passageiro de utilizar os serviços de transporte público", salientou.
No entanto, grupos de direitos humanos alertam que houve rumores de policiais israelenses em postos de vistoria na Cisjordânia iriam remover palestinos de ônibus regulares e mantar que utilizassem as linhas exclusivas. Até o porta-voz da polícia local, Micky Rosenfeld, admitiu que todos os palestinos que retornassem para a Cisjordânia teriam que passar por uma fiscalização, descrita por ele como uma rotina de precaução israelense.
Herzl Ben-Zvi, prefeito do assentamento de Karnei Shomron, disse que o novo serviço "responde às necessidades de todos os passageiros", palestinos ou colonos, que precisam de mais ônibus na área. Israel ocupou a Cisjordânia em 1967 em mantém uma rede de bloqueios de vias no território, impedindo a livre movimentação de palestinos na região.