Ataques têm apoio de 52% dos israelenses
A maioria dos israelenses apoia a continuidade dos ataques aéreos na faixa de Gaza. Mas menos de um quinto defendem expandir a ofensiva contra o Hamas por terra.
Comunidade árabe no Paraná protesta contra bombardeios
Cerca de 500 pessoas protestaram ontem em Foz do Iguaçu contra a ofensiva israelense à Faixa de Gaza. A manifestação organizada pelo Centro Islâmico reuniu famílias palestinas, líderes religiosos e representantes políticos da segunda maior comunidade de língua árabe do país.
Israel continuou ontem seu bombardeio aéreo sobre a Faixa de Gaza no ano-novo, ignorando a crescente pressão internacional por um cessar-fogo. Entre os alvos das bombas israelenses estava a residência de um importante membro do grupo militante Hamas, Nizar Rayan. Segundo médicos palestinos, Rayan foi um dos 12 mortos no bombardeio contra sua residência, que deixou outros 30 feridos. A ministra das Relações Exteriores de Israel, Tzipi Livni, disse em Paris que só haverá uma trégua quando o Hamas renunciar ao disparo de foguetes contra Israel. Livni negou que a Faixa de Gaza sofra uma crise humanitária e que por isso "não existe a necessidade de um cessar-fogo humanitário" no território.
No bombardeio que matou Rayan, outras nove pessoas da família do líder do Hamas pereceram, entre as quais duas das suas quatro esposas e quatro dos seus 12 filhos, informaram funcionários do serviço palestino de Saúde. A religião islâmica permite que um homem possa ter quatro esposas, se for capaz de sustentá-las. Israel lançou pelo menos 12 bombardeios contra a Faixa de Gaza ontem.
O Hamas disse que a morte de Rayan será vingada: "Nós estamos esperando que vocês entrem em Gaza para matá-los ou então transformá-los em novos shalits", disse o grupo islâmico em comunicado, em referência ao soldado israelense Gilad Shalit, que foi sequestrado por militantes há dois anos e meio e permanece no cativeiro na Faixa de Gaza.
Rayan, de 52 anos, era um dos cinco tomadores de decisões do Hamas e partidário da linha-dura do grupo. Professor de lei islâmica, era conhecido por seus laços próximos com a ala militar do Hamas e era respeitado na Faixa de Gaza por dividir os esforços militares durante os combates e ter participado pessoalmente de confrontos com soldados israelenses. Em 2007, logo após o Hamas expulsar o grupo Fatah da Faixa de Gaza, Rayan previu que o grupo tomaria a Cisjordânia, algo que não se concretizou.
Em 2001, ele enviou um dos seus filhos numa missão suicida que matou dois colonos judeus na Faixa de Gaza.
No total, os bombardeios israelenses já mataram mais de 400 palestinos na Faixa de Gaza desde o sábado passado e 1.700 ficaram feridos, informaram funcionários do serviço de Saúde no território. As Nações Unidas dizem que os bombardeios mataram mais de 60 civis, 34 deles crianças. Três civis e um soldado israelense foram mortos por foguetes disparados pelos militantes.
A porta-voz do Exército de Israel, a major Avital Leibovich, disse que as preparações para uma invasão terrestre da Faixa de Gaza foram concluídas.
"A infantaria, a artilharia e outras forças estão prontas. Elas estão ao redor da Faixa de Gaza esperando pelas ordens para invadir", disse Leibovich.
Trégua
O primeiro-ministro interino de Israel, Ehud Olmert, disse ontem que uma guerra prolongada não é do interesse do país. "Nós não temos interesse em uma guerra longa e não queremos uma vasta campanha. Queremos tranquilidade", disse Olmert em reunião com prefeitos de cidades do sul de Israel, particularmente sujeitas a disparos de foguetes do Hamas
Em Paris, a chanceler israelense Tzipi Livni disse que depende do Hamas a assinatura de uma trégua. Segundo ela, para tal é preciso que o grupo islâmico cesse o disparo de foguetes e morteiros contra Israel. Livni deu as declarações após um encontro com o presidente francês Nicolas Sarkozy.
"Nós destruímos grande parte da infraestrutura terrorista na Faixa de Gaza e a questão é se isso é o suficiente ou não. Isso decidiremos com base em avaliações diárias" da situação, disse Livni.
Na próxima semana, Sarkozy viajará ao Egito, à Cisjordânia e a Israel, onde se encontrará os líderes para discutir uma possível trégua na Faixa de Gaza.
Já o grupo Hamas, que se disse mais cedo aberto a uma possível trégua, negou mais tarde que tenha concordado com a proposta francesa para um cessar-fogo humanitário de 48 horas.