Israel prepara-se nesta quarta-feira (11) para atravessar várias semanas de impasse político, depois de uma eleição que produziu dois vencedores e deixou a perspectiva de paz com os palestinos mais distante do que nunca, segundo analistas.
O partido centrista Kadima, da chanceler Tzipi Livni, obteve mais votos, mas tem poucas chances de conseguir formar uma coalizão. O direitista Benjamin Netanyahu, do partido Likud, teria mais chances, mas analistas dizem que a coalizão resultante não seria funcional.
"Venci", foi a manchete do maior jornal do país, Yedioth Ahronoth, junto a fotos de ambos os políticos.
Mas alguns comentaristas disseram que na verdade foi Israel quem perdeu. "Uma coisa está clara para todos os eleitores israelenses: o sistema político está estilhaçado", disse Eithan Haber no Ahronoth.
O presidente Shimon Peres terá de decidir se convidará Livni ou Netanyahu para tentar formar o governo. O convidado terá seis semanas para isso.
A imprensa israelense disse que Peres terá de convidar Netanyahu se todos os partidos de direita o apoiarem. Em 60 anos de história, nunca o vencedor da eleição foi para a oposição.
"Com a ajuda de Deus, vou liderar o próximo governo", disse o ex-premiê Netanyahu, 59 anos, a seus seguidores.
Resultados quase finais dão 28 deputados para o Kadima e 27 para o Likud, num total de 120.
Livni convidou Netanyahu a participar de um "governo de unidade" sob o comando dela. Mas Netanyahu disse que vai liderar o "campo nacionalista" (direitista) no Parlamento, com 64 cadeiras.
"Tzipi Livni tem uma chance mínima, ou nula, de formar um governo sob sua liderança", disse o cientista político Abraham Diskin, da Universidade Hebraica de Jerusalém.
O ultradireitista Avigdor Lieberman, do partido Yisrael Beiteinu, agora o terceiro maior do país, pode ser o fiel da balança.
"Queremos um governo nacionalista. Queremos um governo direitista (...), e não estamos escondendo isso", afirmou ele. No entanto, mantendo outras opções em aberto, declarou que "a decisão não será simples".
Se Lieberman e os partidos religiosos entrarem na coalizão de Netanyahu, devem se opor a qualquer negociação de paz com os palestinos.
Netanyahu também enfrentaria fortes exigências dos religiosos para que haja no orçamento nacional uma parcela maior destinada a estudantes ortodoxos. Se nenhum orçamento for aprovado em 45 dias, deve haver outra eleição.
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