O governo de Israel negou neste sábado que o primeiro-ministro do país, Ehud Olmert, tivesse dito a uma revista alemã que o polêmico programa nuclear do Irã poderia ser seriamente comprometido se atingido por mil mísseis, num ataque que levaria dez dias.
A revista alemã Focus afirmou que o seu repórter, Amir Taheri, perguntou a Olmert numa entrevista se haveria a possibilidade de uma ação militar contra o Irã, caso o país continuasse a desafiar a Organização das Nações Unidas. Segundo a revista, o premiê teria respondido: "Ninguém está descartando isso."
"É impossível talvez destruir todo o programa nuclear, mas seria possível causar danos que o fariam retroceder em anos", teria dito Olmert, segundo a Focus. "Isso levaria dez dias e envolveria o uso de mil mísseis Tomahawk", continuou a revista, citando o premiê israelense.
Miri Eisin, porta-voz de Olmert, declarou que o chefe do governo de Israel tinha conversado, sim, com o autor do artigo, mas que não havia feito os comentários publicados.
Eisin acrescentou que o encontro com o jornalista não tinha sido uma entrevista, mas uma conversa sobre temas de fundo, feita sob o compromisso de que o seu conteúdo não seria publicado.
"O primeiro-ministro não disse aquelas coisas", afirmou a porta-voz.
Ulrich Schmidla, editor de Internacional da revista, disse que tentaria contatar o repórter que conduziu a entrevista, colaborador regular da Focus.
O Irã afirma que o seu programa nuclear se destina à geração de energia, mas o Ocidente teme que o país esteja tentando desenvolver armas atômicas. A ONU já impôs sanções a Teerã por causa do tema.
O responsável pela política externa da União Européia, Javier Solana, fez um apelo na sexta-feira para que Washington converse diretamente com o Irã sobre o programa nuclear do país. Solana disse ter certeza que os iranianos estavam prontos para esse diálogo.
Olmert, segundo a Focus, teria afirmado que deveria se dar o tempo necessário para que as sanções da ONU fizessem efeito, antes de que se considerasse uma ação militar.
"Não temos nenhuma intenção de atacar o Irã neste momento", haveria dito Olmert, de acordo com citação publicada na Focus.
Segundo a revista, Olmert duvida que o programa nuclear iraniano esteja tão avançado quanto Teerã anuncia. "Nós ainda temos tempo para pará-los", teria declarado o premiê.
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, já anunciou que o país é capaz de enriquecer urânio em "escala industrial", mas os inspetores da ONU afirmam que o programa permanece na fase de testes.
O Irã deve ser punido com novas sanções internacionais, caso não suspenda o enriquecimento de urânio até 24 de maio, prazo dado pelo Conselho de Segurança da ONU.
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