Partidos de oposição em Israel anunciaram na noite desta quarta-feira (2) que chegaram a um acordo de coalizão para formar um novo governo que abre caminho para retirar o atual primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, do cargo que ocupa há doze anos.
Yair Lapid, líder do partido centrista secular Yesh Atid, e o seu principal parceiro de coalizão, Naftali Bennet, líder da aliança de direita Yamina, fizeram o anúncio momentos antes do fim do prazo dado pelo presidente de Israel para a formação de um novo governo, que se encerrava à meia-noite (18h em Brasília). Caso uma coalizão não fosse formada, o país teria que passar pela quinta eleição em pouco mais de dois anos.
Pelo Twitter, Lapid disse que informou o presidente sobre o acordo. "Esse governo trabalhará para todos os cidadãos de Israel, tanto aqueles que votaram por ele quanto aqueles que não votaram. [O governo] fará de tudo para unir a sociedade israelense", afirmou.
Lapid e Bennett concordaram com um revezamento no cargo de primeiro-ministro, a começar por Bennett, que deve liderar até 2023; Lapid comandará os dois últimos anos do mandato. A nova coalizão é uma aliança considerada frágil por analistas e reúne uma variedade de posições ideológicas da esquerda à direita. O acordo inclui a Lista Conjunta Árabe, que se torna o primeiro partido árabe a ser parte de uma coalizão de governo em Israel. Mas, enquanto alguns analistas creem que a aliança não será duradoura, devido às divisões ideológicas, outros veem que ela contempla a complexidade da sociedade israelense.
O acordo deve ser aprovado pelo Knesset, o parlamento do país, em uma votação que deve ocorrer na próxima semana. Fontes do partido Likud dizem que Netanyahu, que foi o premiê israelense que passou mais tempo no cargo, pretende seguir como líder da oposição. Além do mandato atual, que completa 12 anos, ele governou Israel por três anos, entre 1996 e 1999. Fora do poder, Netanyahu enfrentará acusações na justiça sem imunidade processual; ele foi denunciado por corrupção, suborno e tráfico de influência, acusações que ele nega. A sua legenda tem a maior bancada do parlamento, com 30 assentos.
O nacionalista Naftali Bennett já foi ministro da Economia, da Diáspora, da Educação e também da Defesa - o segundo cargo mais importante de Israel. Ele integrou o Likud, depois o Lar Judeu e hoje está no Nova Direita, secular. Ele tem posturas próximas às de Netanyahu, como a defesa dos assentamentos na Cisjordânia.
Já Lapid é considerado um opositor de Netanyahu no campo das ideias. O político secular, que teve uma carreira bem sucedida como colunista e âncora de telejornal antes de entrar no parlamento em 2013, defende a solução de dois Estados, desde que garantida a segurança de Israel, e o fim do que é visto como privilégios aos ultraortodoxos. Enquanto aguarda a sua vez de sentar na cadeira de primeiro-ministro, deve atuar como ministro de Relações Exteriores.
Mais cedo nesta quarta-feira, o parlamento israelense elegeu, em eleição secreta, o 11º presidente do país, Yitzhak Herzog, filho do sexto presidente do país, Haim Herzog. Seu primeiro cargo público foi como secretário do governo do primeiro-ministro Ehud Barak (1999-2001). Herzog foi eleito para a 16º Knesset em nome do partido Trabalhista, e anos depois, chefiou os Ministérios do Bem-Estar, Habitação e Turismo. Em 2013, foi eleito líder do partido trabalhista, líder da oposição e mais tarde tornou-se candidato a primeiro-ministro. Em 2018, ele se aposentou do Knesset para servir como presidente da Agência Judaica.