Farah Baker quer que “outras pessoas se sintam como se elas também estivessem [em Gaza]”| Foto: Siegfried Modola/Reuters

166 mil seguidores tem Farah Baker, no Twitter. Ela vive no território palestino, perto do hospital em que o pai trabalha e escreve na internet sobre sua rotina em meio ao conflito. Antes, ela tinha 800 seguidores.

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O presidente eleito de Israel, Reuven Rivlin, conversou por telefone ontem com a presidente Dilma Rousseff e pediu desculpas pelas declarações feitas por um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores que rotulou o país de "anão diplomático".

"Na conversa dos dois mandatários, o chefe de Estado israelense apresentou desculpas pelas recentes declarações do porta-voz de sua Chancelaria em relação ao Brasil. Esclareceu que as expressões usadas por esse funcionário não correspondem aos sentimentos da população de seu país em relação ao Brasil", afirma o Palácio do Planalto em nota divulgada à imprensa.

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No último mês de julho, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, em entrevista ao jornal The Jerusalem Post, qualificou o Brasil de "anão diplomático" por criticar a ofensiva israelense e considerar "desproporcional" o uso da força de Israel na Faixa de Gaza.

De acordo com o Planalto, durante a conversa telefônica "foi evocada a grave situação atual da Faixa de Gaza" e Rivlin afirmou que "o país estava defendendo-se dos ataques com mísseis que seu território vinha sofrendo".

Dilma transmitiu ao presidente do Estado de Israel que o governo brasileiro "condenara e condena ataques a Israel, mas que condena, igualmente, o uso desproporcional da força em Gaza, que levou à morte centenas de civis, especialmente mulheres e crianças".

A presidente reiterou a posição do Brasil em todos os foros internacionais em defesa "da coexistência entre Israel e Palestina, como dois Estados soberanos, viáveis economicamente e, sobretudo, seguros".

Segundo o comunicado, Dilma enfatizou que a "crise atual não poderá servir como pretexto para qualquer manifestação de caráter racista, seja em relação aos israelenses, seja em relação aos palestinos".

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Adolescente de 16 anos vira febre com tuítes sobre conflito em Gaza

Reuters

Quando as bombas começam a explodir em Gaza, a adolescente palestina Farah Baker pega o celular ou o laptop antes de buscar abrigo e, uma vez protegida, escreve sobre o medo que sente e sobre o tumulto em que vive. 

Os textos da garota de 16 anos são publicados no Twitter e eles a tornaram uma sensação das redes sociais durante o conflito na região. Antes, ela era uma atleta colegial desconhecida com 800 seguidores. Hoje, ela tem mais de 166 mil. 

Morar perto do hospital Shifa, na Cidade de Gaza, onde seu pai é cirurgião, dá a Farah a chance de escutar as sirenes das ambulâncias, além das explosões causadas pelos bombardeios de Israel. 

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Ela registra com frequência esses sons e publica vídeos para fornecer àqueles que a leem um relato pessoal da guerra. 

Um tuíte de 1º de agosto incluía um link para um vídeo de uma rua escura, pontuado pelos sons de explosões. Em outro tuíte, Farah faz comentários sobre buscar abrigo da artilharia em um dos quartos da casa.

"Estou tentando dizer ao mundo o que sinto e o que está acontecendo aqui", diz Farah, conversando com a reportagem em casa, na Faixa de Gaza, acrescentando que ela tem tentado "fazer outras pessoas sentirem como se elas também estivessem passando por isso". 

Farah, cuja foto do perfil do Twitter mostra uma garota assustada, disse estar surpresa com a popularidade que conseguiu. 

"Eu não esperava isso. Estava escrevendo para um pequeno círculo de pessoas, e o número [de seguidores] tornou-se muito alto", diz. 

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Ela sonha em se tornar uma advogada, esperando que essa profissão seja uma maneira de defender a empobrecida região de Gaza, um território costeiro que faz fronteira com Israel e Egito.

Não é sempre fácil superar os medos para enviar um tuíte, mas ela se sente obrigada a fazer isso. "Vejo isso como o único jeito que posso ajudar Gaza, mostrando o que está acontecendo aqui. Às vezes, mando um tuíte enquanto estou chorando ou com muito medo, mas digo a mim mesma que não devo parar", diz Farah.