O governo israelense aprovou neste domingo (31) uma histórica iniciativa para que homens e mulheres possam rezar juntos no Muro das Lamentações, em Jerusalém, uma medida que grupos progressistas judeus defendiam há duas décadas.
A decisão, que tem apoio do primeiro-ministro do país, Binyamin Netanyahu, foi aprovada apesar da oposição dos membros dos partidos ultraortodoxos que fazem parte de seu gabinete. “Sei que esse é um tema sensível, mas eu acredito que é uma solução apropriada, uma solução criativa”, disse Netanyahu, antes da votação.
A iniciativa estabelece a criação de uma nova esplanada na frente do Muro das Lamentações, na qual poderão rezar mulheres e homens. Apesar de próximo à esplanada usada pelos ultraortodoxos, o novo espaço ficará separado dos já existentes.
O muro, o local mais sagrado de oração para os judeus, é administrado por autoridades religiosas ultraortodoxas. Até hoje, havia espaços separados para homens e mulheres rezarem, mas práticas não-ortodoxas, como rezas conjuntas entre homens e mulheres, ou orações puxadas por mulheres, eram proibidas.
O jornal “Yedioth Ahronoth”, o de maior tiragem no país, qualificou a decisão de “histórica”.
“Até agora, [o Muro] estava sob o controle de uma extrema direita com uma mentalidade limitada e de ultraortodoxos que têm uma visão limitada de Deus e do judaísmo”, disse a rabina Susan Silverman, membro do grupo Mulheres do Muro, que luta pela liberdade de culto nesse local há 20 anos.
“Estamos aqui para romper com os ídolos e entender que Deus é infinito, com o qual todos nós temos uma relação”, disse ela, comemorando a decisão.
O governo destinará cerca de US$ 10 milhões ao plano de criação de um novo lugar de culto no trecho sul do Muro. Nesse lugar há um parque arqueológico, que ficará sob a nova esplanada, de acordo com o projeto.
O novo local de rezas, a poucos metros dos outros dois ortodoxos, será administrado por uma comissão mista com representantes das correntes conservadora e progressista, delegados do governo, das Mulheres do Muro e da Agência Judaica, órgão que administra as relações com os judeus da diáspora.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura