Israel proibiu a entrada na Faixa de Gaza de uma missão da Organização das Nações Unidas (ONU) que investigaria o bombardeio do mês passado na cidade de Beit Hanoun, em que 19 palestinos morreram. A missão seria liderada pelo ex-arcebispo da Cidade do Cabo e Prêmio Nobel da Paz, Desmond Tutu, e foi autorizada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Em Genebra, Tutu disse que estava aflito com a falta de cooperação de Israel. Já o embaixador de Israel na ONU disse que o país já investigou o incidente de Beit Hanoun.
- Achamos a falta de cooperação do governo israelense muito angustiante, assim como o fracasso em permitir à missão passagem para Israel na hora certa. Este é um momento na nossa história em que não se pode permitir indiferença em relação aos esforços para ajudar aqueles que estão sofrendo, nem recusa para encontrar uma solução para a atual crise na região - afirmou Tutu.
O arcebispo disse que ele e a equipe que ele pretendia levar estão muito preocupados com as notícias das dificuldades enfrentadas pela população de Gaza. Segundo Tutu, a situação na região se deteriorou e virou uma crise humana de proporções muito sérias, e a missão poderia contribuir para uma paz duradoura na área.
Por sua vez, o porta-voz do Ministério do Exterior de Israel, Mark Regev, disse que Israel está sendo vítima de um tratamento diferente do reservado a outros países na área de direitos humanos.
- Infelizmente, nós estamos testemunhando uma exploração cínica do mecanismo de defesa dos direitos humanos na ONU para impulsionar uma agenda anti-Israel - disse. - Isso não irá ajudar a Israel, não irá ajudar aos palestinos e não irá ajudar o processo de paz.
De acordo com a correspondente da BBC em Genebra Imogen Foulkes, integrantes árabes do Conselho de Direitos Humanos da ONU já conseguiram aprovar sete moções de censura contra Israel, enquanto que outras crises humanas, como as existentes em Darfur e no Sri Lanka, não estariam recebendo tanta atenção.
Israel também alegou que a missão chefiada por Tutu já começaria os trabalhos com idéias pré-concebidas, mas Tutu rejeitou essa possibilidade, explicando que todas as partes teriam o direito de falar.
