Israel está envolvido em uma guerra secreta de sabotagem dentro do Irã, na tentativa de retardar o desenvolvimento de armas nucleares na república islâmica, afirmou na terça-feira o jornal britânico Daily Telegraph.

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Citando fontes de inteligência e um ex-agente da CIA, não identificado, o jornal disse que a estratégia de "decapitação" de Israel teve como alvos membros do programa atômico do Irã.

O programa ganhou fôlego extra com a eleição nos EUA do presidente Barack Obama, que adotou uma linha mais diplomática em relação ao Irã, contrariando as ameaças de ação militar feitas pelo governo de George W. Bush.

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Israel e o Ocidente acusam Teerã de desenvolver armas nucleares. O Irã diz que seu programa atômico está voltado apenas para a geração de eletricidade com fins civis. "A perturbação se destina a retardar o avanço do programa, de modo que (os iranianos) não percebam o que está acontecendo", disse um ex-agente da CIA ao jornal.

"A meta é adiar, adiar até que haja outra solução ou abordagem. Certamente não queremos que o atual governo iraniano tenha tais armas. É uma boa política, aquém de confrontá-los militarmente, o que provavelmente acarreta riscos inaceitáveis."

Mark Regev, porta-voz do governo de Israel, disse que não comentaria a notícia.

Como prova da suposta estratégia israelense, observadores citam fatos como a morte de Ardeshire Hassanpour, cientista nuclear da usina de urânio de Isfahan, que morreu em 2007 em sua casa, vítima de uma aparente intoxicação por gás.

Meir Javendafar, especialista em Irã no Meepas, um grupo de análise do Oriente Médio, disse que também há relatos de que o Irã estaria adquirindo equipamentos nucleares defeituosos no mercado internacional, e que há tentativas de Israel de sabotar o fornecimento de eletricidade para a usina de enriquecimento de urânio de Natanz (centro do Irã).

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"Acho que há uma sabotagem em curso, é uma manobra lógica e faz sentido no jogo que é parte da luta geral para prejudicar as ambições nucleares do Irã", disse ele à Reuters em Londres.

"Na ausência de uma solução diplomática para resolver este problema, e da inviabilidade de uma guerra agora, essa é a melhor solução", acrescentou.

Ele disse ainda que há sinais de que muitos outros países além de Israel estariam envolvidos nas infiltrações no Irã, mas sugeriu que grande parte da atividade relatada tem mais a ver com uma guerra psicológica do que com uma real sabotagem. "Numerosas agências de inteligência estão dando o melhor de si nisso. Não só Israel, mas os norte-americanos e muitas agências europeias de espionagem -- há até mesmo relatos de que países neutros, como a Holanda, teriam se envolvido."

"Se for verdade, isso está colocando uma pressão técnica sobre o programa iraniano. Se não for verdade, então é apenas parte de um conflito psicológico. Mas, mesmo que não seja verdade, é parte do que é uma enorme guerra psicológica contra o programa nuclear do Irã (...). Sai muito mais barato do que sabotar equipamentos dentro do Irã."