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Palestinos escapam da ofensiva israelense em Khan Younis, na Faixa de Gaza; refugiados somam 1,1 milhão | Ibraheem Abu Mustafa/Reuters
Palestinos escapam da ofensiva israelense em Khan Younis, na Faixa de Gaza; refugiados somam 1,1 milhão| Foto: Ibraheem Abu Mustafa/Reuters

Manifestação

Brasileiros em Tel Aviv organizam protesto contra o Itamaraty

Folhapress

Brasileiros que vivem em Israel participarão de uma manifestação contra a posição do Itamaraty a respeito do conflito entre israelenses e palestinos. O ato está marcado para o dia 1º de agosto, em frente da Embaixada Brasileira em Tel Aviv. A intenção dos organizadores era realizar a manifestação hoje, mas a polícia israelense exige que protestos sejam comunicados com cinco dias de antecedência.

"O governo brasileiro está dando incentivo para que o Hamas continue jogando foguetes aqui, que podem atingir brasileiros. O que o governo faria se algum brasileiro se ferisse?", disse o paulista André Lajst, que mora em Tel Aviv e é um dos organizadores do evento. "Se eles tivessem condenado as duas partes, nada disso estaria acontecendo. Poderiam demonstrar preocupação, como todos os países do mundo".

Lajst está organizando o ato com o também brasileiro Daniel Rabetti, e mais de 2 mil pessoas já foram convidadas. Os dois participaram de uma manifestação em Israel contra a corrupção no governo brasileiro, no ano passado.

Embate

Protesto em Ramala contra "genocídio em Gaza" deixa um morto

Efe

Pelo menos uma pessoa morreu e três mais ficaram feridas durante um grande protesto em Ramala contra "o genocídio em Gaza" e para prestar solidariedade aos palestinos. Dois dos feridos foram atingidos na cabeça perto do posto de controle de Qalandia e tiveram que ser internados no hospital em estado grave, informou a agência de notícias palestina Wafa.

Convocada através das redes sociais e nas mesquitas, e em um dia especial no calendário muçulmano — em que é celebrada a Noite do Destino, quando o Alcorão foi revelado ao profeta Maomé —, os participantes saíram do campo de refugiados de Al Amari, em direção à passagem de Qalandia. O posto de fronteira, aberto no muro que separa a Cisjordânia dos bairros de Jerusalém Oriental, está tomado pelas forças israelenses, que colocaram blocos de concreto e restringiram o trânsito.

Manifestações semelhantes aconteceram em Nazaré, em Israel, mas com maioria árabe e inclusive na própria Jerusalém Oriental. O grupo exige o fim do que considera "o genocídio dos palestinos de Gaza", o levantamento do bloqueio econômico e o assédio militar israelense à Faixa e a abertura da passagem na fronteira de Rafah, que une a Faixa ao Egito e constitui a única porta de saída de Gaza ao mundo.

Segundo números oficiais, 750 palestinos morreram em Gaza — civis na maioria —, e mais de 4 mil ficaram feridos desde que o governo israelense ordenou a ofensiva militar em 8 de julho. O número triplicou há uma semana quando as tropas israelenses empreenderam uma ofensiva terrestre na Faixa.

750 + 35

O número total de mortos palestinos chegou ontem a 750, entre eles muitas mulheres e crianças. Do lado israelense, são 35, entre soldados e civis. Os dados se referem às vítimas da operação Limite Protetor, em que Israel lança uma ofensiva sobre os territórios palestinos a fim de destruir o Hamas. Ontem foi o 17º dia de ataques e, até então, havia 4,7 mil pessoas feridas e pelo menos 110 mil refugiados.

Indignação

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) condenou ontem o comunicado do Ministério brasileiro das Relações Exteriores por sua "abordagem unilateral do conflito na Faixa de Gaza". Diz a nota da Conib: "Ignorar a responsabilidade do Hamas pode ser entendido como um endosso à política de escudos humanos, claramente implementada pelo grupo terrorista e que constitui um flagrante crime de guerra, previsto em leis internacionais".

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O governo de Israel reagiu ontem duramente às críticas feitas pelo Brasil contra a operação militar na Faixa de Gaza. A Chancelaria de Israel afirmou que o "comportamento" do Brasil "ilustra a razão por que esse gigante econômico e cultural permanece politicamente irrelevante". Além disso, o governo disse que o país escolhe "ser parte do problema, em vez de integrar a solução".

O "comportamento" ao qual Tel Aviv se refere é um comunicado distribuído na noite de quarta-feira em que o Itamaraty condena o "uso desproporcional da força" por parte de Israel sem fazer referência às agressões do grupo Hamas contra israelenses.

No dia 17, comunicado similar afirmava condenar "igualmente" os bombardeios israelenses e os ataques de Gaza. Daquela vez, o Brasil também expressava "solidariedade" com vítimas "na Palestina e em Israel". Agora, fala somente do "elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças" deixado pelos ataques israelenses.

Também na quarta-feira, o governo brasileiro chamou o embaixador de Israel em Brasília, Rafael Eldad, para expressar seu protesto, e convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Henrique Pinto, de volta a Brasília. Na linguagem diplomática, o protesto feito a Eldad e a convocação de Pinto são sinais fortes de desagrado.

Em seu site, a diplomacia israelense acusou o Brasil de "impulsionar o terrorismo" e afirmou que isso, "naturalmente", afeta a "capacidade do Brasil de impulsionar influência".

Na nota, Israel se diz "decepcionado" com a convocação do embaixador brasileiro e observa que a atitude "não reflete" o nível das relações bilaterais, além de "ignorar o direito de Israel de se defender".

Horas após a reação israelense, o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, minimizou a crise, dizendo que a "discordância entre amigos é natural".

Em visita a São Paulo, ele disse que o comunicado do Itamaraty — e que contou com aval da presidente, segundo a reportagem apurou — não apaga as críticas feitas anteriormente ao Hamas só porque não as menciona.

"O Brasil entende o direito de Israel de se defender, mas não está contente com a morte de mulheres e crianças", explicou. Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que o Itamaraty e o Palácio do Planalto ainda estudam a melhor reação para um comentário considerado "tão duro".

Se, de um lado, alguns diplomatas brasileiros alertam para que não se "bata boca" com Tel Aviv, outros analisam ser necessário uma resposta enérgica da própria presidente da República.

Em Gaza, o gesto brasileiro foi recebido com festa.

ONU condena ataque à escola na área de Gaza

Efe

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se declarou "horrorizado" com o ataque que atingiu ontem uma escola de Gaza administrada pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) e confirmou que entre as vítimas há funcionários da agência.

O ataque à escola, na área de Beit Hanoun, no norte de Gaza, deixou pelo menos 17 mortos e mais de 200 feridos. "Estou horrorizado com as notícias de um ataque a uma escola de UNRWA, no norte de Gaza, onde centenas de pessoas haviam se refugiado", afirmou Ban em comunicado. Ele acrescentou que pelo ataque "morreram muitos, incluindo mulheres e crianças, e também funcionários da ONU".

O secretário-geral da ONU não apontou responsabilidades diretas pelo ataque e assinalou que as circunstâncias "ainda não são claras".

Testemunhas em Gaza disseram que os projéteis que caíram na escola da UNRWA procediam de Israel, enquanto o exército do país assegurou que os foguetes foram lançados pelo movimento islamita Hamas.

Em seu comunicado, Ban lembrou que veio pedindo a Israel que utilize um "cuidado especial" para evitar qualquer ataque às instalações da ONU em Gaza, às quais estão chegando refugiados, enquanto condenou o Hamas pelo lançamento de foguetes.

"Mais de 100 mil habitantes de Gaza, 5% da população total, buscaram refúgio em instalações de UNRWA", lembrou o secretário-geral da ONU.

"Novamente insisto que todas as partes devem cumprir com suas obrigações sob as leis humanitárias internacionais para respeitar a grande importância da vida humana", disse.

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