Israel classificou, neste sábado (29), como "hipócrita e falha" uma declaração de signatários de um tratado mundial antiarmas nucleares que pedia ao país para que assine esse pacto e torne suas instalações nucleares passíveis de inspeções pela ONU.
Todos os 189 membros do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), incluindo os Estados Unidos, pediram em uma declaração a realização de uma conferência em 2012 para discutir o banimento das armas de destruição em massa do Oriente Médio.
"Como um Estado não-signatário do TNP, Israel não está obrigado a cumprir as decisões desta conferência, que não tem nenhuma autoridade sobre Israel", afirmou o governo israelense em um comunicado por e-mail.
"Dada a natureza distorcida desta declaração, Israel não poderá tomar parte de sua implementação", diz o texto.
A declaração de 28 páginas diz que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e Estados-chave iriam organizar uma conferência que incluiria todas as nações da região, ou seja, teria entre os participantes inimigos duros, como Israel e Irã.Arsenal
Presume-se que Israel tenha um grande arsenal nuclear, mas o país não confirma nem nega o fato. É a única nação do Oriente Médio que não assinou o TNP. Como Paquistão e Índia, também não-signatários, Israel não tomou parte na conferência de revisão do tratado.
Autoridades dos Estados Unidos deixaram claro que a proposta não levaria a nada, dizendo que o Oriente Médio não poderia ser declarado livre de armas de destruição em massa enquanto não houver paz entre Israel e mundo árabe e o Irã não contiver seu programa de enriquecimento de urânio.
Aludindo a esse ponto, o comunicado israelense diz: "Esta resolução é profundamente falha e hipócrita. Ignora as realidades do Oriente Médio e as verdadeiras ameaças enfrentadas pela região e o mundo inteiro."
O Irã não foi mencionado na declaração do TNP.
Israel e potências ocidentais suspeitam que o Irã esteja tentando desenvolver armas nucleares por ter no passado escondido sua atividade nuclear da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o órgão da ONU que supervisiona o uso pacífico da energia nuclear, e por fazer restrições ao acesso da AIEA às instalações do país.
O governo iraniano diz que está enriquecendo urânio apenas para gerar eletricidade e isótopos para tratamento medicinal e agricultura.