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Fim da guerra?

Israel se defende de críticas por mortes de civis na Faixa de Gaza

Palestina reza em frente a um túmulo no norte da Faixa de Gaza. Cemitério foi parcialmente destruído pelos ataques | Anja Niedringhaus / AFP Photo
Palestina reza em frente a um túmulo no norte da Faixa de Gaza. Cemitério foi parcialmente destruído pelos ataques (Foto: Anja Niedringhaus / AFP Photo)

As mortes de civis palestinos na Faixa de Gaza foram "fruto das circunstâncias", disse nesta segunda-feira (19) a chanceler israelense, Tzipi Livni.

"Tivemos que realizar esta operação. Estou em paz com o fato de o termos feito", disse à Rádio Israel a chanceler, política de centro que é candidata a primeira-ministra na eleição de 10 de fevereiro.

A ofensiva israelense na Faixa de Gaza, lançada em 27 de dezembro para combater ataques de foguetes palestinos e suspensa no domingo, matou mais de 1.300 palestinos. Grupos de defesa dos direitos humanos em Gaza disseram que 700 dos mortos são civis, muito deles crianças.

Indagada sobre as mortes de civis, Livni disse que "foram fruto das circunstâncias". Ela culpou o grupo islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza, por combater dentro de centros povoados.

"Nós procuramos alvejar os terroristas, e às vezes pode acontecer de civis serem atingidos na luta contra o terror."

Livni acrescentou: "Não devemos tratar isso levianamente. Estas questões nos impõem uma tarefa complicada. As consequências, no contexto das baixas civis, são algo que temos que encarar, entre nós mesmos e ao encarar o mundo."

Em Israel, que perdeu dez soldados em combates e três civis mortos por foguetes, a ofensiva foi bem vista, dado a ira em relação ao Hamas e aos frequentes disparos de foguetes desde a Faixa de Gaza, de onde as forças e os colonos israelenses se retiraram em 2005.

Mas os israelenses também estão atentos às críticas feitas por potências ocidentais que receiam que o sofrimento em Gaza possa reduzir o apoio ao rival secular do Hamas, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, e suas conversações de paz com o Estado judaico.

Jurisdição

As mortes de civis desencadearam protestos públicos no exterior e levaram altos representantes da ONU a pedir investigações independentes para determinar se Israel cometeu crimes de guerra.

Os palestinos há muito tempo pedem que as repressões militares israelenses sejam julgadas no âmbito internacional. Mas faltam dispositivos legais para isso.

A Corte Criminal Internacional em Haia não tem jurisdição para investigar na Faixa de Gaza, já que o território não é um Estado. Embora a Autoridade Palestina venha funcionando como instância soberana interina desde 1993, ela foi expulsa de Gaza pelo Hamas no ano passado, depois de o grupo islâmico vencer uma eleição.

E, embora Israel não tenha assinado o Estatuto de Roma que instituiu a CCI, o país pode ser investigado, mas isso exigiria um mandato do Conselho de Segurança da ONU. Qualquer proposta nesse sentido provavelmente seria vetada pelos EUA, aliado de Israel.

Durante os combates na Faixa de Gaza, as forças armadas israelenses frequentemente avisaram os palestinos com antecedência para que deixassem suas casas. Mas muitos palestinos disseram que não havia para onde fugir, especialmente porque as escolas da ONU usadas como abrigos foram bombardeadas repetidas vezes.

Médicos e grupos de defesa dos direitos humanos também acusam Israel de uso ilegal de munições contendo fósforo branco, que pode provocar queimaduras graves. Israel não apresentou qualquer relatório sobre as munições, mas disse que todas suas armas obedecem às leis.

Outra acusação feita a Israel é de violação do princípio da proporcionalidade nos ataques aos guerrilheiros palestinos, cujas forças eram muito inferiores.

Israel diz que usou da força necessária para minimizar suas baixas durante a guerra urbana contra o Hamas.

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