Beirute Israel completou ontem o processo de suspensão do bloqueio marítimo ao Líbano, após entregar a responsabilidade de vigiar o litoral libanês a uma força naval italiana, informou uma porta-voz militar. O cerco marítimo ficou definitivamente suspenso às 18 h (12 h de Brasília), um dia depois da suspensão do bloqueio aéreo.
Navios da Itália, França, Grécia e Reino Unido vão patrulhar o litoral do Líbano em um primeiro momento. Em duas semanas, serão substituídos por uma força naval alemã.
Israel impôs o bloqueio ao Líbano no mesmo dia do seqüestro de dois soldados israelenses pela guerrilha do grupo xiita Hezbollah, em 12 de julho, que foi o estopim de uma guerra de 34 dias. O objetivo do bloqueio era impedir o fornecimento de armas ao Hezbollah e que os soldados israelenses fossem retirados do Líbano.
Retirada
O ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, informou ontem que espera que o Exército israelense possa sair do Líbano no máximo em duas semanas. O ministro das Relações Exteriores italiano, Massimo DAlema, disse ontem, durante visita a Israel, que em questão de uma semana ou dez dias a Força Interina da ONU no Líbano (Finul) terá efetivos suficientes, graças às contribuições da França e da Espanha, para substituir no território.
A volta da circulação de veículos em pontes que foram destruídas durante a guerra são outro sinal de que a vida está começando a voltar à rotina no Líbano.
Ontem 60 mil contêineres de mercadorias navegavam na região à espera da suspensão do bloqueio marítimo. Agora, espera-se a retomada da vida comercial e econômica do Líbano, já que 80% das importações libanesas chegam pelo mar, segundo as Nações Unidas.
Segundo agentes do Programa Mundial de Alimentos, ligado à ONU, o Líbano é um país que depende do comércio exterior, pois importa 90% dos cereais que consome. O PMA pretende suspender a ajuda humanitária quando a economia libanesa estiver reativada e planeja retirar seus agentes do país em outubro.
Desde o início das hostilidades entre Israel e o grupo terrorista xiita libanês Hizbollah em 12 de julho, cerca de 700 mil pessoas se beneficiaram da assistência da agência da ONU.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que trabalha na reabilitação das escolas libanesas, informou que seis escolas em Beirute que serviram de abrigo para os deslocados libaneses já foram limpas e desinfetadas para receber os alunos, que começarão o ano letivo em 9 de outubro.
O objetivo do Unicef é que cerca de 350 mil crianças possam voltar às aulas nessa data.