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Oriente Médio

Israel tem direito a se defender do Hamas, mas deve poupar civis, diz Casa Branca

Sete dias depois do início dos ataques, Israel continua a bombardear regiões da Faixa de Gaza | Baz Ratner / Reuters
Sete dias depois do início dos ataques, Israel continua a bombardear regiões da Faixa de Gaza (Foto: Baz Ratner / Reuters)

Israel tem o direito de se defender dos ataques do Hamas, mas deve tentar evitar as baixas civis nos seus ataques à Faixa de Gaza, disse a Casa Branca nesta sexta-feira (2).

O porta-voz da Casa Branca, Gordon Johndroe, disse que Israel deve se certificar de que comida e medicamentos cheguem ao povo de Gaza, território palestino no qual 420 pessoas morreram e 2.200 ficaram feridas depois de uma semana de ataques aéreos israelenses.

A secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, disse que os EUA estão trabalhando para conseguir um cessar-fogo "duradouro e sustentável" em Gaza. Ela disse que não planeja viajar ao Oriente Médio para negociar. Rice deve ser substituída por Hillary Clinton no cargo em 20 de janeiro, quando Barack Obama assume a Presidência dos EUA.

Bombardeios seguem

Israel faz o sétimo dia seguido de bombardeios a Gaza nesta sexta, depois de ter matado no dia anterior um dos principais líderes do movimento islamita Hamas, que domina o território palestino.

Com as tropas e os tanques preparados para uma iminente incursão terrestre, e em meio a uma perspectiva distante de cessar-fogo, o exército israelense estava permitindo nesta sexta a partida dos estrangeiros que vivem em Gaza. Ao mesmo tempo, o Hamas convocou os palestinos a promoverem um "dia de cólera" com protestos e ataques contra Israel.

As saídas de estrangeiros estão ocorrendo pelo terminal de Erez, em Israel, que estava fechado desde o início da ofensiva.

A maioria dos cerca de 400 estrangeiros que devem deixar a região são russos, segundo Israel, mas há ainda os que têm passaportes de Estados Unidos, Noruega, Turquia, Ucrânia e Belarus principalmente.

A retirada de estrangeiros é mais um indício de que Israel pode lançar um ataque terrestre ao território nos próximos dias. Israel argumenta que os ataques são uma resposta aos constantes lançamentos de foguetes palestinos, tendo como alvo cidades israelenses, a partir da Faixa de Gaza.

Nesta sexta-feira, três irmãos palestinos, com idades entre sete e dez anos, morreram vítimas de um ataque aéreo israelense perto de sua casa no sul de Gaza, informaram fontes médicas e testemunhas. As crianças, da família Al Astal - Iyad, Mohamad e Abdelsattar - foram atingidas em al-Qarara, perto de Kahan Yunis.

O ataque israelense parecia ter como alvo instalações de lança-foguetes utilizadas por ativistas do Hamas perto da casa da família Al Astal.

Na quinta-feira, aviões e marinha israelenses perpetraram mais de 50 ataques, e o Hamas respondeu com o lançamento de foguetes, alcançando pontos cada vez mais afastados de Israel.

Um porta-voz israelense anunciou que, durante a noite, os bombardeios atingiram ao menos 20 objetivos, entre eles vários lança-foguetes e locais de armazenamentos de armas.

Um dos principais líderes do grupo radical islâmico Hamas, Nizar Rayyan, morreu em um ataque aéreo israelense na Faixa de Gaza junto com suas quatro mulheres e 10 de seus 12 filhos, além de dois vizinhos.

Sua casa de cinco andares, localizada no campo de refugiados de Jabaliya, no norte da Faixa de Gaza, foi completamente destruída.

O corpo decapitado de Nayan, no entanto, não estava sob os escombros, já que foi lançado para fora pela explosão, segundo testemunhas. Quinze pessoas ficaram feridas.

Membro da ala mais radical do movimento islâmico, Rayan era conhecido por seu dom de orador, destacando-se pelas críticas veementes contra Israel e contra a Autoridade Palestina do presidente Mahmud Abbas, expulsa da Faixa de Gaza pelo Hamas em junho de 2007.Rayan, de 51 anos, é até o momento o mais alto dirigente do Hamas morto desde o início dos bombardeios. Um dia antes de morrer sob dois mísseis da Força Aérea israelense, lançados por caças F-16, ele havia previsto a vitória palestina.

Números

Segundo os serviços de emergência de Gaza, 420 pessoas já morreram e cerca de 2.200 ficaram feridos desde o início da ofensiva israelense, cujo objetivo é fazer cessar os disparos de foguetes palestinos contra seu território. Em território israelense, foguetes palestinos mataram ao menos 4 pessoas e deixaram dezenas de feridos.

Uma pesquisa publicada nesta quinta-feira pelo jornal "Haaretz" aponta que 71% da população israelense é a favor da operação e apóia sua continuação.

"Dia de cólera"

Em Jerusalém, a polícia israelense se mobilizou para tentar manter a calma nesta sexta-feira durante o que foi declarado "dia de cólera" pelo movimento islamita Hamas, informou o porta-voz da polícia.

"Mobilizamos milhares de homens para vigiar Jerusalém Oriental (anexado) e cidades vizinhas a fim de manter a calma", afirmou à AFP Micky Rosenfeld.

Em comunicado publicado em seu site, o Hamas apelou para os palestinos irem para as ruas "em massa" após as preces de sexta-feira, partindo da esplanada das Mesquitas em Jerusalém e de "todas as mesquitas na Cisjordânia" - em protesto contra a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza.

As forças de segurança israelenses amanheceram em estado de prontidão para enfrentar possíveis distúrbios durante manifestações palestinas que já começaram em algumas cidades como Ramallah (Cisjordânia), depois das orações da sexta-feira.

O fechamento da Cisjordânia foi reforçado e numerosos policiais e guardas de fronteira percorriam a cidade velha de Jerusalém, onde fica a Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar santo do Islã.

A polícia israelense limitou o acesso à esplanada a homens com mais de 50 anos originários de Jerusalém Oriental ou de cidades árabes de Israel. Os moradores da Cisjordânia tiveram proibida a entrada em Jerusalém.

O exército israelense lançou, além disso, nesta sexta-feira, milhares de folhetos de propaganda sobre a Faixa de Gaza para incitar a população palestina a denunciar a localização dos combatentes do Hamas, informaram testemunhas. No documento figura um número de telefone e um e-mail.

Diplomacia

O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, afirmou na quinta-feira que não tem a intenção de travar "uma guerra prolongada", enquanto sua chanceler, Tzipi Livni, que se encontrou em Paris com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, rejeitou os apelos por uma trégua.

"A decisão de que a operação cumpriu com seus objetivos será tomada de acordo com as avaliações cotidianas que realizamos", declarou Livni, que rejeitou um pedido da França para que uma trégua de 48 horas seja estabelecida para que ajuda humanitária possa ser levada aos habitantes de Gaza.

"Tomaremos a decisão quando chegar o momento", insistiu, acrescentando que, para suspender a ofensiva, o governo israelense precisa saber com clareza que "o Hamas compreendeu que já basta", referindo-se aos ataques com foguetes perpetrados pelos militantes do grupo contra Israel.

No âmbito diplomático, a Líbia entregou ao Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução pedindo um cessar-fogo imediato em Gaza e seu pleno respeito por Israel e pelo Hamas. Porém, não houve acordo sobre o texto, que ainda terá que ser emendado para ser aprovado pelos ocidentais.

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