O Departamento de Estado americano informará na segunda-feira (29) ao Congresso do uso, aparentemente ilícito por Israel, de bombas de fragmentação durante a invasão do Líbano, segundo informa neste domingo em sua edição digital o jornal "The New York Times".
O diário nova-iorquino, que cita o Departamento de Estado americano, indica que o exército israelense pode ter violado os acordos com os Estados Unidos que proíbem o uso deste tipo de munição em zonas povoadas.
O emprego no sul do Líbano pelas tropas israelenses das bombas de fragmentação, que contêm um dispositivo que libera um grande número de pequenas bombas, foi reiteradamente denunciado por organizações defensoras dos direitos humanos.
Elas lembraram em diversas ocasiões que este tipo de munição pode atingir civis indiscriminadamente, ao não explodir integralmente no momento de seu impacto com o solo.
Em 26 de setembro, a ONU advertiu que serão necessários vários meses para limpar o sul do Líbano das bombas de fragmentação sem explodir que foram lançadas por Israel durante os 34 dias de sua ofensiva militar contra o Hezbolá.
Até essa data, pelo menos 19 pessoas tinham morrido e outras 90 ficaram feridas na explosão dessas bombas, e entre as vítimas houve um grande número de crianças.
No dia 18 de janeiro, quando um camponês libanês ficou ferido na explosão de uma destas bombas, o número de pessoas mortas ou feridas subia para 207, segundo fontes policiais libanesas.
Limpeza
A limpeza das bombas e minas foi encomendada às forças de Finul, ao Exército libanês e a várias ONG, embora Chris Clark, responsável das operações por parte da ONU, tenha acusado Israel de ter entregado à Finul mapas "inúteis" sobre as áreas onde elas foram lançadas.
A legislação americana, segundo o "New York Times", estabelece que todos os relatórios, inclusive preliminares, sobre a possível violação por países terceiros de munição e armamento exportado dos EUA, conforme a lei de Controle de Exportação de Armas, deve ser notificada ao Congresso.
No entanto, o jornal acrescenta que, apesar do debate entre os funcionários americanos sobre as repercussões legais do uso destas bombas, não são esperadas sanções do Governo americano a seu principal aliado no Oriente Médio.
O Governo israelense reiterou que respeita a legislação internacional em matéria de armas, embora o Executivo americano, durante o mandato de Ronald Reagan, tenha imposto uma proibição de seis anos a este tipo de exportações, após seu emprego durante a invasão israelense do Líbano em 1982.