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Religião

Israel vive Yom Kippur marcado pelo 40º aniversário da Guerra de 1973

Israel se paralisará a partir da noite desta sexta-feira (13) por ocasião da jornada do Yom Kippur, a mais sagrada do calendário judaico e que neste ano coincide com o 40º aniversário da Guerra de 1973.

Com a população judaica realizando hoje suas últimas compras antes do tradicional jejum, a atividade em toda a cidade começou a diminuir após o meio-dia, com cada vez menos veículos nas estradas e vendedores começando a fechar seus negócios.

"É uma jornada extraordinária, uma oportunidade que o calendário nos brinda para a introspecção, para fazer um julgamento de nossos atos no ano que transcorreu e ver que coisas podemos mudar no que começou", disse Carmela Safrir, que vive em Jerusalém.

Os judeus começaram seu ano 5774 há apenas dez dias com o Rosh Hashana (Ano Novo), que dá início a um período de festividades religiosas de quase um mês.

A próxima festa, de uma semana de duração, é a dos Tabernáculos ou das Cabanas, que lembra o êxodo bíblico do Egito pelas mãos de Moisés pelo deserto do Sinai.

Uma pesquisa indicou que cerca de 65% da população judaica de Israel respeita o jejum e um número superior considera a jornada um dia especial de introspecção ou para dar atenção à família.

Carmela, que se declara "tradicionalista", está dentro da porcentagem que jejua, por isso aproximadamente uma hora antes do sol se pôr deixará de comer e beber até o anoitecer de sábado.

O Antigo Testamento ordena que os judeus "aflijam sua almas", o que é subentendido como "jejuar", entre outras medidas, no Yom Kippur, único momento no qual o sumo sacerdote costumava entrar no local mais sagrado (Sanctum Sanctorum) do Templo de Jerusalém.

Descrito como o "Sábado dos sábados", o Yom Kippur assumiu uma dupla face no moderno Estado de Israel, criado em 1948.

Os mais praticantes vão para as sinagogas, enquanto muitas crianças brincam nas estradas livres de automóveis com suas bicicletas e skates.

Durante a celebração, as fronteiras aéreas, terrestres e marítimas de Israel são fechadas pela única vez no ano, e só podem ingressar no país pessoas com permissões especiais e casos humanitários.

Como em todas as festas judaicas, o Exército fecha as fronteiras com os territórios palestinos como medida de segurança.

Neste ano, a jornada coincide com a incerteza internacional sobre a Síria e com o 40º aniversário da Guerra do Yom Kippur, na qual Israel se viu surpreendida em seu dia mais sagrado por um ataque conjunto dos exércitos do Egito e da Síria.

A guerra, uma das mais custosas para Israel em número de vítimas e equipamento militar, deixou na população uma marca indelével, um trauma nacional que ecoa até hoje no país.

Em função do aniversário, os Arquivos de Estado divulgaram nos últimos dias documentos confidenciais sobre a disputa, entre eles o depoimento, ainda parcialmente censurado, da então primeira-ministra, Golda Meir, para a comissão que investigou o fiasco da Inteligência Militar israelense.

"Não pude confrontar o chefe da Inteligência Militar e o chefe do Estado-Maior. Teriam pensado que era tola", disse a Meir aos investigadores ao ser consultada sobre por que não declarou o estado de emergência.

Segundo todas as análises Israel teve claros indícios de que a disputa estava para começar, e inclusive recebeu advertências claras do já falecido rei Hussein, da Jordânia, e de um assessor pessoal do então presidente egípcio Anwar al Sadat.

O debate em torno dos enfrentamentos entre políticos e militares antes e depois da guerra segue ocupando as páginas dos jornais quase como há quarenta anos.

"A guerra que não termina", afirmou a edição de hoje do jornal "Yedioth Ahronoth", enquanto o "Haaretz" dedica seu editorial a lembrar que assim como na época, até o presente Israel foge de seu compromisso diplomático e "confiando (sua sobrevivência) ao poderio militar e ao apoio dos Estados Unidos".

"O espírito não mudou: Israel está convencido que sempre viverá ao fio da navalha, que não pode mudar a situação, que o ostracismo é culpa do mundo e não sua, e que a única forma de sobreviver é pela força das armas", disse o jornal.

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