Jerusalém - Os governos israelense e americano assinaram ontem um acordo bilateral que estabelece cooperação contra o rearmamento do grupo islâmico Hamas caso Israel aceite um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Na prática, o memorando abre caminho para isolar o Hamas das negociações para um cessar-fogo que vinham sendo mediadas pelo Egito.
A imprensa israelense disse hoje que o gabinete do primeiro-ministro Ehud Olmert se reunirá amanhã e deve aprovar um cessar-fogo unilateral. Israel manteria soldados e tanques em Gaza até que tenha garantias de que a reabertura da fronteira entre o território palestino e o Egito não leve ao rearmamento do Hamas.
Para aderir a um cessar-fogo, o Hamas vinha pedindo garantias de que Israel e o Egito, que mantêm um cerco econômico a Gaza há 19 meses, reabrissem fluxo de mercadorias.
O texto firmado em Washington pela chanceler israelense, Tzipi Livni, e pela secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, garante o apoio dos EUA para criar um sistema de controle das fronteiras terrestres e marítimas de Gaza e destruir os túneis usados pelo Hamas para infiltrar armas no território entre as quais alguns dos foguetes disparados contra Israel.
O desarmamento do Hamas é a principal exigência de Israel para sustar a ofensiva, que já deixou 1.157 palestinos mortos e entra hoje na quarta semana.
Os túneis na fronteira Gaza-Egito também são usados para o contrabando de alimentos e combustíveis para os 1,5 milhão de habitantes de Gaza.
Os produtos são escassos devido ao bloqueio implementado por Israel e pelo Egito desde que o Hamas, vencedor das eleições legislativas palestinas de 2006, expulsou de Gaza os rivais do Fatah, que controlam a Autoridade Nacional Palestino e são o interlocutor aceito por Israel e os EUA.
Além da destruição das passagens subterrâneas, o acordo entre EUA e Israel pede a participação da Otan (aliança militar ocidental) para reprimir o contrabando de armas por mar. O texto coloca o patrulhamento da fronteira Gaza-Egito como indispensável, mas não é claro sobre a composição de futura missão de monitoramento.
Irã e Obama
No memorando, Israel e EUA acusam o Irã de ser o principal fornecedor de armas basicamente explosivos, fuzis e foguetes de curto alcance, alguns artesanais do Hamas. As acusações foram negadas ontem pelo presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. "(Só) fornecemos à resistência palestina apoio humanitário, político e espiritual.
O acordo foi firmado no último dia útil da Presidência do republicano George W. Bush, que entrega o cargo na terça-feira ao democrata Barack Obama. Rice afirmou que consultou a equipe de Obama antes de assiná-lo. Citou especificamente os futuros conselheiro de Segurança Nacional, general James Jones, e secretária de Estado, Hillary Clinton.
Plano egípcio
A chanceler Tzipi Livni insistiu em que o pacto "completa a proposta de paz mediada pelo Egito até então o único plano em debate, e que propõe em termos vagos uma trégua provisória, durante a qual seriam negociados o fim do bloqueio econômico a Gaza e o envio de monitores internacionais à fronteira Gaza-Egito. "Para que um cessar-fogo seja sustentável, é preciso pôr fim à entrada de armas em Gaza, argumentou Livni.
Segundo o jornal Jerusalem Post, o premier israelense, Ehud Olmert, teria se decidido por um cessar-fogo unilateral depois de o Hamas rejeitar as condições israelenses. Outros analistas, porém, suspeitam que essas informações sejam parte do esforço para aumentar a pressão sobre o Hamas.
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