A israelense Amit Soussana, de 40 anos, libertada do cativeiro do Hamas em novembro, contou em uma entrevista ao jornal New York Times, nesta terça-feira (26), que foi abusada e atacada sexualmente por seu guarda durante o período em que passou reclusa em Gaza.
A mulher relatou que foi mantida sozinha, acorrentada e no escuro, numa espécie de quarto de criança, onde foi violentada por seu sequestrador do Hamas, cujo nome ela disse que era Muhammad.
Soussana afirmou que sofreu a violência sexual pela primeira vez no final de outubro, quando ele a atacou enquanto ela era brevemente solta para usar o banheiro. “Ele veio em minha direção e apontou a arma para minha testa. Depois, me sentou na beira da banheira e e resisti. E ele continuou me dando socos e colocando a arma na minha cara. Então, ele me arrastou para o quarto”, disse a vítima em relatos fortes.
Ela disse que foi forçada a tirar a toalha enquanto Muhammad a apalpava, antes de ser levada sob a mira de uma arma de volta ao quarto, onde o criminoso a forçou a “cometer um ato sexual com ele”.
O jornal americano destacou que o relato da ex-cativa é consistente com outros depoimentos que ela forneceu aos profissionais de saúde que a atenderam imediatamente após a libertação. Julia Barda, a assistente social que falou com Soussana no dia, afirmou ao NY Times que a refém libertada “falou imediatamente, com fluência e em detalhe, não só sobre a sua agressão sexual, mas também sobre as muitas outras provações que sofreu”.
Antes de ser livre das mãos dos terroristas, a mulher ainda foi transferida para um bloco de apartamentos diferente, onde foi entregue a um homem chamado Amir e mantida com outros quatro reféns, segundo afirmou. No local, ela disse que sua cabeça foi enrolada em uma camisa pelos guardas, e depois foi forçada a sentar-se no chão, onde eles a agrediram com coronhadas. Em seguida, suas mãos foram amarradas e penduradas “como uma galinha”, segundo ela, em uma vara que ligava dois sofás, o que provocou "forte dor".
“Foi assim por cerca de 45 minutos”, ela contou. “Eles estavam me batendo, rindo e me chutando, e chamaram os outros reféns para me ver”. De acordo com seu relato, tamanho era o choque sobre o que acontecia que uma das reféns que viu as cenas de violência perguntou a ela se tinha alguma mensagem final para sua família.
No início do mês, uma equipe de especialistas da ONU, liderada pela representante especial sobre violência sexual em conflitos, Pramila Patten, divulgou um relatório onde afirma ter “motivos razoáveis” para acreditar que o grupo terrorista cometeu estupros, torturas sexualizadas e outros abusos contra mulheres israelenses durante os ataques terroristas ocorridos em 7 de outubro de 2023. A equipe da ONU afirma que analisou mais de 5 mil fotos e 50 horas de vídeos, além de entrevistar 34 pessoas, entre sobreviventes, testemunhas, reféns libertados e profissionais de saúde.
Os crimes ocorreram em pelo menos três locais, inicialmente: o festival de música, a estrada 232 e o kibutz de Reim, onde as vítimas foram submetidas a estupro e estupros coletivos e depois assassinadas ou mortas enquanto eram violentadas.
Junto a isso, essa foi a primeira vez em que um refém libertado falou publicamente sobre crimes sexuais enquanto estava em cativeiro.