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Moradores do Norte de Israel saíram de suas casas e abrigos antiaéreos na segunda-feira para encontrar a região de fronteira calma após mais de um mês de conflitos .

Mas poucos esperam que dure muito a trégua firmada com a ajuda da Organização das Nações Unidas (ONU).

O barulho dos disparos de artilharia de Israel e dos foguetes lançados pelo Hezbollah deixou de ser ouvido pouco antes de o cessar-fogo entrar em vigor, às 8h (2h em Brasília).

Sem nada para fazer, soldados israelenses descansavam nas sombras. Alguns fumavam e jogavam cartas. A Rádio do Exército de Israel tocava a música: "Lá vêm eles, os dias de tranquilidade".

Uma hora depois de encerrado os combates, Johnny Wena, de 12 anos, morador de Metula, conseguiu andar de bicicleta pela primeira vez em um mês.

- Sinto-me mais seguro - disse.

Mas poucos moradores de Metula acreditavam na trégua ou na habilidade da ONU para fazer com que ela seja duradoura.

- Conheço os libaneses desde que nasci e não confio neles - afirmou o agricultor Ori Amitai, 72.

Wena também se mostrou desconfiado:

- Acho que Israel terá de fazer a mesma coisa de novo. Mas, por enquanto, eu quero me divertir.

A maior parte dos moradores de Metula e de outras cidades israelenses da fronteira abandonou suas casas depois do começo dos conflitos, deflagrados depois de a guerrilha Hezbollah ter capturado dois soldados de Israel, no mês passado.

O grupo guerrilheiro respondeu aos ataques aéreos de Israel bombardeando o norte do Estado judaico com foguetes, responsáveis por matar 40 civis.

Centenas de foguetes atingiram a região de Metula. Mais de dez, nas horas que antecederam o começo do cessar-fogo.

O número de vítimas, no entanto, foi muito maior do lado libanês, onde os ataques aéreos e os disparos de artilharia realizados por Israel mataram mais de mil pessoas, a grande maioria delas civis.

Fumando um cigarro em sua varanda, Naomi Levin, membro do conselho religioso de Metula, afirmou que, provavelmente, levaria algum tempo até as famílias sentirem-se novamente em segurança para regressarem.

- Meus avós e meus pais viveram aqui. Eu cresci aqui com dúvidas, sabendo que não podemos confiar - afirmou.

Levin e Amitai disseram não apostar muito nos planos de colocar uma força de paz da ONU entre Israel e o Hizbollah.

O acordo de cessar-fogo prevê o envio de até 15 mil soldados da entidade para a região.

- Basta que um franco-atirador do Hezbollah dispare para que tudo recomece novamente - disse Amitai.

Conversando com os amigos em uma esquina de Metula, o tailandês Samat Concidi, 31, disse ter passado o último mês dormindo em um abrigo antiaéreo com outros 20 colegas de seu país.

- Espero que a guerra tenha acabado para que possamos voltar ao trabalho - comentou Concidi, que se mudou para Israel quatro anos atrás e trabalha na lavoura. - Entendo que há uma ameaça e que Israel precisa ser forte. Mas, hoje, sinto-me seguro - emendou.

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