Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Eleição

Itália encerra campanha eleitoral com inquietação sobre futuro do país

O comendiante Beppe Grillo: principal crítico dos políticos e do primeiro-ministro Mario Monti | Max Rossi/Reuters
O comendiante Beppe Grillo: principal crítico dos políticos e do primeiro-ministro Mario Monti (Foto: Max Rossi/Reuters)

A Itália encerrou nesta sexta-fiera (22) a campanha para as eleições gerais no país que serão realizadas no domingo (24) e na segunda-feira (25) com inquietação perante o incerto cenário que pode surgir, o de um governo sem uma maioria estável no Senado ou de um governo liderado pelo humorista Beppe Grilo.

Antes do início do chamado "silêncio eleitoral", que começa às 0h local de sábado (21h, Brasília), os principais candidatos aproveitaram para chamar às urnas os mais de 47 milhões de eleitores que ainda não votaram (mais de 3,5 milhões residentes no exterior já exerceram esse direito), sobretudo os 30% indecisos apontados nas pesquisas.

Grande parte da atenção se centrou em Grilo, transformado no principal inimigo a bater pelos políticos e no primeiro-ministro demissionário, Mario Monti, perante as pesquisas que, segundo o jornal "Corriere della Sera", apontam a popularidade dos candidatos e que deixam o humorista, líder do Movimento 5 Estrelas, como o segundo favorito.

Como fez no grande comício da praça de Duomo, em Milão, na terça-feira (19), Grilo conseguiu lotar nesta sexta a cêntrica praça romana de São João de Letran (com capacidade para cerca de 70 mil. pessoas), no último ato de uma campanha que foi baseada em comícios de rua e redes sociais.

O principal favorito no pleito, o líder da centro-esquerda Pier Luigi Bersani, eleito mediante eleições primárias em dezembro, fechou a campanha no teatro Ambra Jovinelli de Roma, onde contou com o apoio do cineasta Nanni Moretti e no qual insistiu no caráter popular de sua candidatura em defesa dos trabalhadores.

Bersani afirmou que conseguiu manter a promessa do primeiro dia de que não contaria "fábulas", e pediu o voto para sua coalizão em prol da renovação parlamentar, pois dois terços de suas listas são compostas por gente nova e nelas há 40% de mulheres.

Por sua vez, o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi cancelou de última hora sua assistência ao comício de seu partido em Nápoles por uma "forte conjuntivite", embora tenha enviado um vídeo no qual insistiu nos vínculos da esquerda com o comunismo, a ideologia mais "cruel e desumana", e concluiu mandando um abraço aos homens e um "duplo abraço" às mulheres.

O multimilionário empresário pediu que os eleitores não optem pelas listas que apoiam Monti, pois, insistiu, têm orquestrado um acordo com Bersani, e também não por Grilo, já que, disse, não cumprirá sua promessa de 'mandar para casa' os políticos".

Desde o teatro da Pérgola, em Florença, Monti pediu não voltar ao risco de acabar como a Grécia que ameaçava a Itália em novembro de 2011, quando a demissão de Berlusconi propiciou a chegada do governo tecnocrata, e assim apelou a um voto responsável.

"Os cidadãos podem votar enganados por promessas falsas, mas depois para onde vão?", perguntou o agora político, em alusão ao compromisso de Berlusconi de suprimir o imposto sobre bens imóveis (IMU) à primeira moradia e devolver o pago em 2012.

Desde a Suíça chegou uma notícia que pode acabar com a promessa de Berlusconi porque o governo helvécio, em resposta à carta de uma deputada de seu país, expressou suas dúvidas de que o acordo fiscal com o qual "il Cavaliere" pretende compensar a supressão do IMU possa entrar em vigor antes de 2015.

A Itália encerra esta campanha eleitoral, além disso, com o temor por parte dos partidos políticos tradicionais a um elevado nível de abstenção, que pode ser acrescentado ao mau tempo previsto e a uma mobilização em massa a favor de Grilo.

O "Corriere della Sera" afirma que nas últimas pesquisas ventiladas pelos partidos (não é permitido publicar nenhuma pesquisa 15 dias antes das eleições), houve uma queda das intenções de voto por Monti, o que pode fazer que seja impossível um acordo com Bersani para garantir sua estabilidade no Senado.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros