Enterro particular é realizado na cidade italiana de Raiano. Funeral de Estado em massa será realizado nesta sexta-feira| Foto: Daniele La Monaca / Reuters

A Itália enterrou nesta quarta-feira algumas das 272 vítimas do terremoto desta segunda-feira (6) em cidades medievais, enquanto equipes de resgate procuravam por eventuais sobreviventes sob os escombros em meio a tremores secundários.

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Um funeral de Estado em massa vai ser realizado nesta sexta-feira, que será um dia nacional de luto, embora os dois primeiros enterros particulares tenham ocorrido nesta quarta-feira (8). O papa Bento 16 rezou pelas vítimas e disse que visitará a região em breve.

O número de mortos subiu para 272 após equipes de resgate terem retirado mais corpos dos escombros. O primeiro-ministro Silvio Berlusconi afirmou que 28.000 pessoas ficaram desabrigadas, com 17.000 vivendo atualmente em barracas e o resto em quartos gratuitos de hotéis ou com suas famílias.

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Até 30 pessoas seguem desaparecidas desde o terremoto desta segunda-feira, disseram autoridades.

"Estamos em choque porque perdemos nossos amados, a cidade foi reduzida a escombros com mais de 40 mortos e muitos deles jovens, uma geração inteira foi dizimada", disse Antonella Massi, em Onna, um vilarejo que uma vez teve 300 moradores e onde praticamente todas as construções foram danificadas pelo terremoto.

Terremotos secundários ao pior tremor da Itália em três décadas ocorreram até esta quarta-feira na região montanhosa de Abbruzzo, e foram sentidos em Roma.

Um forte abalo secundário, com magnitude 5,6 e ocorrido no final da terça-feira, derrubou partes da basílica e da estação da cidade de L'Aquila, e causou mais uma morte.

Berlusconi, que declarou estado de emergência e enviou milhares de tropas para a região, redigiu uma nova lei contra saques.

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"Quem for baixo o suficiente para tentar tirar vantagem de uma tragédia como essa mostra uma ausência total de moralidade e será severamente punido", disse Berlusconi, em visita a L'Aquila pelo terceiro dia consecutivo para conduzir a resposta do país à emergência.

"Acampamento de fim de semana"

Mesmo pedindo a países que querem enviar ajuda humanitária para restaurarem uma das igrejas medievais da região, Berlusconi pode aumentar sua alta popularidade, dizem especialistas em opinião pública.

O premiê, que vez ou outra propicia uma gafe, correu o risco de parecer insensível ao ter dito a uma emissora de televisão alemã que milhares de pessoas vivendo em tendas "deviam olhar aquilo como sendo um acampamento de fim de semana".

Mas ele também disse que está há 44 horas sem dormir. O primeiro-ministro, que tem 72 anos, brincou com um repórter, dizendo que aquilo não era "nada mal para alguém de 35 anos".

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Uma estimativa feita para seguradoras coloca o dano à economia italiana, que já passa pela sua pior recessão desde a 2ª Guerra Mundial, entre 2 e 3 bilhões de euros, no contexto de uma produção econômica total de cerca de 1,5 trilhão de euros.

Autoridades dizem que o tremor terá um grande impacto na região, que vive do turismo, da agricultura e dos negócios familiares.

Berlusconi prometeu construir uma nova L'Aquila e o ministro da Agricultura, Luca Zaia, em visita a Onna, exortou os italianos a ajudarem a economia da região, "pensando neles quando a alta temporada começar, e principalmente, comprando produtos de Abruzzo."

Os sobreviventes têm pela frente um horrível fim de semana de Páscoa. Com muitas igrejas locais seriamente danificadas, as pessoas se preparam para celebrar em capelas substitutas e nas vilas de barracas.

O governo e empresários hoteleiros ofereceram abrigo de graça para os desabrigados em hotéis na costa do Mar Adriático.

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"Vão para a costa. É Páscoa. Tirem um tempo e vamos pagar para vocês", afirmou Berlusconi às vítimas em um acampamento na terça-feira.