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Os italianos aprovaram, por meio de um referendo que terminou na segunda-feira (21), a redução de um terço das cadeiras do Congresso. Com quase todas as seções eleitorais apuradas, o "sim" à reforma constitucional na Itália venceu com 69% dos votos, segundo a agência italiana Ansa. O número de deputados e senadores cairá de 945 para 600 na próxima legislatura – a Câmara dos Deputados terá 400 membros em vez dos atuais 630 e o Senado ficará com 200 integrantes, em vez dos atuais 315. De acordo com os dados oficiais preliminares, cerca de 55% dos 47 milhões de italianos aptos a votar foram às urnas, mesmo a participação não sendo obrigatória.
O enxugamento no número de parlamentares foi uma promessa eleitoral do Movimento 5 Estrelas (M5E), parceiro majoritário do governo de centro-esquerda presidido por Giuseppe Conte. "O que conseguimos hoje foi um resultado histórico. Temos novamente um Parlamento normal, com 345 cadeiras e privilégios menores", escreveu o ministro das Relações Exteriores e ex-líder do M5E, Luigi di Maio.
A consulta popular deveria ter sido realizada em março, mas foi adiada por causa da pandemia do novo coronavírus - por isso, não foi exigido quórum mínimo de participação.
O M5E defendeu a reforma alegando que era preciso diminuir os custos da política. A sigla estima uma economia de € 100 milhões (R$ 637 milhões) ao ano.
O Partido Democrata (PD), de centro-esquerda e principal aliado do M5E, e o pequeno partido Livres e Iguais, de esquerda, apoiavam a reforma. O outro parceiro do governo, o Itália Viva, do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, considerava a mudança "inútil".
Pelo espectro da direita e agora na oposição, o partido Liga, de Matteo Salvini, e o ultranacionalista Irmãos da Itália também apoiaram a reforma, e o conservador Força Itália, de Silvio Berlusconi, não orientou o voto, apesar de considerar que a lei ameaça "limitar a representatividade e reduzir a democracia".
"Esta reforma é mal feita, ela só reduz assentos de forma demagógica. Haverá partes inteiras do país que não terão representatividade", disse Antonio Tajani, ex-presidente do Parlamento Europeu e membro do Força Itália.