O pai de uma italiana em coma há 17 anos desafiou nesta terça-feira (3) o governo direitista do país e o Vaticano ao transferi-la para uma clínica particular, onde um tubo de alimentação que a mantém viva será retirado.
Eluana Englaro, 38 anos, está em estado vegetativo desde que sofreu um acidente de carro em 1992. Em 2008, o principal tribunal do país decidiu-se em favor da eutanásia, mas a decisão foi contestada por políticos e religiosos e dividiu a opinião pública.
Na madrugada de terça-feira, a mulher foi levada de ambulância para uma clínica de Udine (norte), a única na Itália que aceitou desligar o aparelho que a alimenta e hidrata.
Ativistas contrários à eutanásia, levando pão e água - que se tornaram símbolos do protesto -, tentaram impedir a partida da ambulância.
"Em poucos dias a Itália executará sua primeira sentença de morte desde 1948", disse Alfredo Mantovano, subsecretário do Ministério do Interior. O governo diz que a retirada do tubo é uma forma de eutanásia, prática ilegal no país.
O cardeal Javier Lozano Barragan, espécie de ministro da Saúde do Vaticano, disse ao jornal romano La Repubblica que "retirar água e comida dela significa uma só coisa: matá-la deliberadamente".
Mas Beppino Englaro, pai de Eluana, tenta há mais de dez anos que a Justiça a autorize a morrer. Em novembro, recebeu uma sentença favorável do principal tribunal italiano, confirmando sentença de uma instância inferior - inédita neste país católico.
A sentença inicial, de um tribunal de Milão, dizia que estava provado que o coma de Englaro é irreversível, e que antes de sofrer o acidente ela havia manifestado a preferência por morrer a ser mantida artificialmente viva.
"Sinto que agora posso libertar a criatura mais esplêndida que já conheci", disse Beppino Englaro, que raramente fala em público, após a sentença.
Mas Maurizio Sacconi, ministro da Saúde do governo direitista de Silvio Berlusconi, baixou uma portaria proibindo todos os hospitais públicos e privados de retirarem a alimentação de pacientes comatosos.
Críticos dizem que a medida não tem valor legal, pois o Executivo não pode se sobrepor às decisões judiciais. Mesmo assim, várias clínicas procuradas por Beppino Englaro rejeitaram a paciente, alegando o risco de retaliações do governo.
Eluana tem sido muito comparada à norte-americana Terri Schiavo, que morreu em circunstâncias semelhantes, em 2005, após passar 15 anos em coma. No caso dela, também houve uma intensa batalha judicial e muita polêmica na opinião pública.
Especialistas dizem que a morte de Eluana depois da retirada do tubo pode levar cerca de duas semanas, mas que ela não sentirá dor. Médicos da clinica de Udine disseram na terça-feira que ela deixará de ser alimentada em três dias, e será sedada para evitar possíveis desconfortos
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