Mais de 2 mil mulheres italianas - mães e filhas, políticas, artistas e outras profissionais - assinaram um abaixoassinado online dizendo ao primeiro-ministro Silvio Berlusconi que nem todas as mulheres na Itália são prostitutas ou dançarinas, num protesto conta os encontros do premiê com uma adolescente marroquina.
A campanha, intitulada "Basta!", é coordenada pelo jornal esquerdista L'Unita, ligado à oposição de centro-esquerda, e foi anunciada nesta quinta-feira (20), com as crescentes críticas contra Berlusconi por causa do escândalo. Promotores colocaram Berlusconi e três sócios sob investigação, alegando que ele pagou para fazer sexo com uma garota de 17 anos e usou seu escritório para encobrir o encontro.
Segundo os promotores, o primeiro-ministro fez sexo com várias prostitutas durante festas promovidas em sua propriedade em Milão. O premiê de 74 anos iniciou uma campanha para refutar as acusações, gravando duas mensagens em vídeo e uma de áudio nos últimos dias nas quais ele afirma que os promotores têm inclinação política.
A adolescente, apelidada de Ruby, iniciou ela mesma um campanha de mídia para negar que já tenha feito sexo com o premiê. Ontem, ela apareceu num dos canais de televisão de Berlusconi para refutar as informações - contidas em gravações clandestinas publicadas por jornais italianos - de que ela teria pedido 5 milhões de euros a Berlusconi para ficar quieta. "Eu posso fazer algo exagerado, mas eu nunca faria uma afirmação como esta", disse. Ela admitiu, porém, que ele deu a ela 7 mil euros para ajudá-la financeiramente, embora ele "nunca tenha tocado um dedo em mim".
Oposição
Os líderes opositores italianos exigiram mais uma vez a renúncia do primeiro-ministro e há boatos entre seus aliados sobre a convocação de eleições antecipadas. Mas Berlusconi afirma que não vai sair e que testemunhará no tribunal, contanto que os juízes sejam imparciais.
Hoje, o L'Unita saiu com a manchete "A revolta das mulheres", relatando o abaixoassinado ao qual 2 mil mulheres haviam aderido para dizer a Berlusconi que estão cansadas de seu comportamento. "Existem outras mulheres", escreveu o jornal, em editorial, listando os nomes de líderes sindicais, mulheres da oposição, atrizes, jornalistas e mães e filhas italianas.
"Há mulheres que não consideram uma vitória ir até a casa de um homem poderoso e sair de lá com dinheiro que uma pessoa normal ganharia em sete meses de trabalho". A campanha é semelhantes à "eu não estou à sua a disposição", lançada no ano passado pelo jornal esquerdista La Repubblica após outro escândalo sexual envolvendo Berlusconi.
O protesto teve início depois que o primeiro-ministro insultou a aparência "matrona" da política opositora Rosy Bindi, que disparou: "Eu não sou uma das mulheres à sua disposição". As informações são da Associated Press.
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