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Referendo

Italianos rejeitam energia nuclear

Defensores do voto contra a política nuclear, a privatização da água e uma lei de imunidade a Berlusconi comemoram derrota do governo, em Roma | Alberto Pizzolli/AFP
Defensores do voto contra a política nuclear, a privatização da água e uma lei de imunidade a Berlusconi comemoram derrota do governo, em Roma (Foto: Alberto Pizzolli/AFP)

Roma - Em referendo realizado domingo e ontem na Itália, os eleitores votaram a favor de abandonar a energia nuclear, em um resultado que é um sinal claro do crescente descontentamento popular com o governo conservador do primeiro-ministro, Silvio Berlus­­coni. O premiê pediu aos eleitores nas últimas semanas que não vo­­tassem no referendo de quatro questões, organizado pelos partidos da oposição de centro-esquerda. O referendo perguntou à po­­pulação se ela desejava derrubar leis feitas pelo governo recentemente, que previam a volta da energia nuclear, a privatização do sistema de abastecimento de água e além disso davam imunidade parcial a Berlusconi e aos ocupantes dos principais cargos do governo.

Uma maioria de 57% do eleitorado compareceu às urnas, uma marca bem acima dos 50% necessários para validar o referendo e que foi atingida pela última vez em 1995. Mais de 95% do eleitorado votou pelo "sim", ou seja, para derrubar as quatro leis. "Este foi um voto contra a ener­­gia nuclear. Ao apelar às pessoas que não votassem, Berlus­­coni transformou isso em uma eleição contra si próprio", disse Giovanni Sarto­­ri, professor de Ciências Políticas na Universidade de Florença.

Berlusconi tornou a volta da energia nuclear uma das suas prioridades de governo. A lei de imunidade também era um dos principais planos do seu governo: a legislação permite ao primeiro-ministro e aos principais funcionários do governo não comparecerem aos tribunais para serem julgados, citando uma agenda de trabalho bastante ocupada.

O premiê italiano rapidamente reconheceu a derrota nesta se­­gunda-feira. "Os italianos deixaram clara sua posição em cada uma das questões. O governo e o Parlamento agora precisam levar em conta esse resultado", disse o escritório de Berlusconi em co­­mu­­nicado.

O resultado de ontem é particularmente significativo após Berlusconi e seus aliados de centro-direita terem sido derrotados nas eleições municipais e regionais que aconteceram há duas se­­manas. Embora Berlusconi ainda possua a estreita maioria no Par­­lamento que precisa para go­­ver­­nar, sua popularidade teve uma queda acentuada nos últimos meses. A cronicamente en­­fraque­­cida economia italiana es­­tá pe­­sando sobre o eleitorado, particularmente sobre os jovens, en­­quan­­to o público é alimentado pelas notícias dos problemas judiciais do premiê, incluído seu julgamen­­to mais recente, no qual é acusado de ter pago para fazer sexo com uma adolescente marroquina, que era menor de idade, e ter tentado encobrir o escândalo – acusações que Berlusconi ne­­ga.

Os dois referendos relacionados à água perguntavam aos italianos se deveriam ser derrubados os planos do governo para privatizar as concessionárias e remunerar as empresas privadas pelos investimentos feitos. O go­­verno argumentava que com a privatização o sistema ganharia em eficiência, mas os críticos afirmaram que isso levaria a contas mais altas.

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