Defensores do voto contra a política nuclear, a privatização da água e uma lei de imunidade a Berlusconi comemoram derrota do governo, em Roma| Foto: Alberto Pizzolli/AFP

Referendos

O que está em jogo nas votações:

- Uso da energia nuclear no país

- Imunidade em processos criminaispara altos funcionários do governo

- Privatização do sistema de distribuição de água tratada no fim de 2011 57% dos italianos participaram da votação.

CARREGANDO :)

Os escândalos

Premiê Berlusconi enfrenta processos na Justiça por fraudes, suborno, abuso de poder e por manter relações sexuais com uma adolescente:

Rubygate

Berlusconi teria pago para ter relações sexuais com a dançarina Karima El Mahroug (Ruby), em 2010, quando ela ainda tinha 17 anos. O premiê teria, em outra ocasião, usado sua influência política para livrar Ruby da prisão e acobertar o caso.

Caso Mediaset

Conglomerado de mídia de Berlusconi teria cometido fraude e lavagem de dinheiro durante compra de direitos televisivos.

Caso Mediatrade

Em acusação semelhante, empresas do premiê teriam cometido fraudes na comercialização de direitos televisivos. Seu filho Pier Silvio, estaria envolvido.

Caso Mills

Premiê teria pago propina de US$ 600 mil ao advogado britânico David Mills em 1997 em troca de falso testemunho em um processo envolvendo suas empresas de mídia.

Roma - Em referendo realizado domingo e ontem na Itália, os eleitores votaram a favor de abandonar a energia nuclear, em um resultado que é um sinal claro do crescente descontentamento popular com o governo conservador do primeiro-ministro, Silvio Berlus­­coni. O premiê pediu aos eleitores nas últimas semanas que não vo­­tassem no referendo de quatro questões, organizado pelos partidos da oposição de centro-esquerda. O referendo perguntou à po­­pulação se ela desejava derrubar leis feitas pelo governo recentemente, que previam a volta da energia nuclear, a privatização do sistema de abastecimento de água e além disso davam imunidade parcial a Berlusconi e aos ocupantes dos principais cargos do governo.

Publicidade

Uma maioria de 57% do eleitorado compareceu às urnas, uma marca bem acima dos 50% necessários para validar o referendo e que foi atingida pela última vez em 1995. Mais de 95% do eleitorado votou pelo "sim", ou seja, para derrubar as quatro leis. "Este foi um voto contra a ener­­gia nuclear. Ao apelar às pessoas que não votassem, Berlus­­coni transformou isso em uma eleição contra si próprio", disse Giovanni Sarto­­ri, professor de Ciências Políticas na Universidade de Florença.

Berlusconi tornou a volta da energia nuclear uma das suas prioridades de governo. A lei de imunidade também era um dos principais planos do seu governo: a legislação permite ao primeiro-ministro e aos principais funcionários do governo não comparecerem aos tribunais para serem julgados, citando uma agenda de trabalho bastante ocupada.

O premiê italiano rapidamente reconheceu a derrota nesta se­­gunda-feira. "Os italianos deixaram clara sua posição em cada uma das questões. O governo e o Parlamento agora precisam levar em conta esse resultado", disse o escritório de Berlusconi em co­­mu­­nicado.

O resultado de ontem é particularmente significativo após Berlusconi e seus aliados de centro-direita terem sido derrotados nas eleições municipais e regionais que aconteceram há duas se­­manas. Embora Berlusconi ainda possua a estreita maioria no Par­­lamento que precisa para go­­ver­­nar, sua popularidade teve uma queda acentuada nos últimos meses. A cronicamente en­­fraque­­cida economia italiana es­­tá pe­­sando sobre o eleitorado, particularmente sobre os jovens, en­­quan­­to o público é alimentado pelas notícias dos problemas judiciais do premiê, incluído seu julgamen­­to mais recente, no qual é acusado de ter pago para fazer sexo com uma adolescente marroquina, que era menor de idade, e ter tentado encobrir o escândalo – acusações que Berlusconi ne­­ga.

Os dois referendos relacionados à água perguntavam aos italianos se deveriam ser derrubados os planos do governo para privatizar as concessionárias e remunerar as empresas privadas pelos investimentos feitos. O go­­verno argumentava que com a privatização o sistema ganharia em eficiência, mas os críticos afirmaram que isso levaria a contas mais altas.

Publicidade