O Itamaraty divulgou nota ontem em que defende a construção de uma estrada financiada pelo Brasil. A obra corta o Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure, na Bolívia e tem sido alvo de crítica de indígenas e ambientalistas.
"Se trata de projeto de grande importância para a integração nacional da Bolívia e que atende aos parâmetros relativos a impacto social e ambiental previstos na legislação boliviana", afirma trecho do texto. Construída pela brasileira OAS com financiamento de US$ 322 milhões do BNDES, a estrada tem 306 km e atravessa uma reserva de 1,2 milhão de hectares.
No fim de semana, o chanceler da Bolívia, David Choqueuanca, ficou detido por manifestantes e uma nova marcha foi realizada em protesto pela construção da estrada contrários à obra alegam que o governo não consultou as comunidades indígenas antes de fechar o projeto da estrada. Na nota, o Itamaraty afirma que recebeu "com preocupação" a notícia dos distúrbios na Bolívia e demonstrou apoio ao país vizinho.
Ministra renuncia
A decisão do governo Evo Morales de usar a polícia para dissolver a marcha indígena mobilizada contra a construção da estrada provocou ontem o pedido de renúncia da ministra da Defesa, Cecilia Chacón, e nova onda de protestos em várias cidades.
As autoridades negam que a ação policial para dissolver a mobilização, acampada a pouco mais de 300 km de La Paz, tenha deixado mortos. No entanto, ONGs e a Igreja Católica dizem que ao menos duas pessoas, entre elas um bebê, morreram.
Policiais usaram gás lacrimogêneo para dissolver a marcha contra a estrada, iniciada em 15 de agosto e composta também por mulheres e crianças.
Centenas de manifestantes foram presos e traslad ados em ônibus. A polícia foi obrigada a liberar boa parte deles na cidade de Rurrenabaque porque grupos que protestavam contra a repressão avançaram contra o comboio.
Os grupos pró-marcha também fecharam o aeroporto da cidade. Segundo a rádio boliviana Erbol, também foram interditados os aeroportos de Trinidad e Riberalta, no departamento de Beni (norte).
Na capital La Paz e em Cochabamba, a terceira cidade do país, estudantes e ambientalistas promoveram grandes passeatas em protesto contra as ações do governo. Os atos foram dispersados com gás lacrimogêneo.
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