O Itamaraty informou nesta segunda-feira (16) que a advogada Paula Oliveira não poderá deixar a Suíça antes de obter a liberação da Justiça do país, mas ressaltou que continuará a dar "proteção" e "atenção" à cidadã brasileira. Paula está sujeita a sofrer um processo penal por fraude ao final das investigações policiais da suposta agressão que teria sofrido de um trio de neonazistas, em uma estação de trem nos arredores de Zurique, no último dia 9. Em seu depoimento, a advogada alegou que estava grávida e havia abortado em consequência dos golpes - versão contrariada por laudo médico.
A repercussão do caso provocou desconforto nas relações entre o Brasil e a Suíça. Mas hoje o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que o governo brasileiro não tem razões para pedir desculpas ao governo suíço, uma vez que apenas pediu uma "investigação correta" do caso e tem mantido contato direto com a chancelaria suíça. Em uma crítica velada, o chanceler avaliou que houve "criatividade" na cobertura do episódio pela imprensa.
Sua observação referiu-se especialmente às versões publicadas nesta segunda de que o Itamaraty poderia ajudar Paula Oliveira a deixar a Suíça antes de as investigações serem concluídas e da possível instauração de um processo penal. Colaboradores de Amorim arremataram que essa hipótese não existe. O Itamaraty recomenda que a advogada cumpra com o procedimento judicial da Suíça antes de deixar o país, e vem acompanhando a montagem de sua defesa.
"Eu compreendo que a mídia tenha de ser criativa porque faz parte. Meus filhos trabalham em cinema e são criativos", alfinetou. Desde a quinta-feira, o próprio Amorim vem adotando um tom cauteloso ao tratar do caso de Paula Oliveira. Naquela manhã, o chanceler havia sido recebido da embaixadora Vitória Clever, cônsul-geral do Brasil em Zurique, um relato sobre as dúvidas em relação ao depoimento original da advogada, como a de que ela não estava grávida no momento da agressão.
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