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Bagdá – O ex-ditador Saddam Hussein voltou ao banco dos réus ontem, dois dias depois de ser condenado à forca por um ataque contra xiitas em Dujail, em 1982. Ele voltou ao júri em um segundo caso, no qual é acusado de genocídio contra curdos.

O ex-ditador foi o primeiro dos réus a chegar à sala do tribunal. Ele apareceu vestido com seu habitual terno negro e camisa branca. O juiz Mohammed Oreibi al Khalifa iniciou a sessão – a 21.ª do processo, que começou em 25 de agosto – com o depoimento de um cidadão curdo, cujo discurso foi traduzido para o árabe.

Saddam e outros seis réus respondem pelo crime de genocídio devido à sua participação na Operação Anfal, realizada em 1988, contra curdos do norte do Iraque. Segundo a promotoria, mais de 180 mil pessoas foram mortas, muitas envenenadas com gás.

A equipe da defesa dos sete acusados não se apresentou ao juiz. Os advogados boicotam o processo desde o dia 30, quando o presidente do tribunal rejeitou uma série de solicitações da defesa, entre elas a participação de juízes árabes e estrangeiros no processo.

Os julgamentos de Saddam têm sido marcados por problemas. Juízes e advogados de defesa foram mortos ao longo do processo, numa indicação de que o ex-ditador ainda mobiliza os grupos que lhe têm lealdade ou ódio.

O presidente norte-americano, George W. Bush, classificou a sentença de Saddam à pena de morte como "um grande avanço para a democracia’’. A União Européia, que baniu a pena de morte em seu território, discorda da visão de Bush, mas não tomou nenhuma medida prática para evitar que Saddam seja enforcado, o que pode ocorrer em até 30 dias, depois que a pena for ratificada pela máxima instância judicial do país.

Brecha

Uma brecha legal, no entanto, pode poupar a vida do ex-ditador: como ele tem 69 anos e a lei iraquiana não permite a execução de quem tem mais de 70, basta que seus defensores consigam arrastar o caso até abril, quando Saddam fará aniversário.

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