Fugindo da violência, da fome e das doenças, cada vez mais pessoas chegam  aos campos de refugiados no Iêmen| Foto: Lorenzo Tugnoli/Washington Post

Dezenas de milhares de iemenitas estão fugindo de seus povoados à medida que os combates se aproximam de uma cidade estratégica no Mar Vermelho, ampliando uma crise humanitária que já é considerada a mais grave do mundo. 

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O que começou com poucas pessoas fugindo da guerra civil no Iemen em dezembro, tem se aprofundado. Centenas abandonam as suas casas a cada dia. Os campos de refugiados tem se espalhado pelo Sul do país, multiplicando a pressão sobre as agências humanitárias ocidentais. Os hospitais lutam para fazer frente ao crescente número de feridos, às doenças e à fome. 

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A crise ganhou maior gravidade na quarta-feira quando uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, que apoia o governo do Iêmen no exílio, lançou uma ofensiva para capturar Hodeida, um porto vital controlado por rebeldes. 

As Nações Unidas alertaram que a ocupação da cidade de 600 mil habitantes pode ser catastrófica. Mais de três quartos da comida importada pelo Iêmen é importada pelo porto de Hodeida, que também é essencial para a entrada de combustível, remédios e outros produtos essenciais. 

“É o salva-vidas do país”, disse Lise Grande, a principal funcionária da área humanitária da ONU no Iêmen. “Se se perde esse porto, teremos uma catástrofe em nossas mãos.” Ela estima que mais de 250 mil pessoas podem morrer vítimas da violência, fome e doenças se houver um cerco prolongado da cidade. 

ONU tenta evitar o pior

A ONU tenta impedir o ataque da coalizão liderada pelos árabes, que recebe apoio logístico e de inteligência dos Estados Unidos. Mas as forças da coalizão, particularmente as dos Emirados Árabes Unidos, estão determinadas a continuar com a ofensiva. À medida que ela se torna iminente, as Nações Unidas e agências humanitárias tem retirado seu pessoa de Hodeida. 

“Se a rota for bloqueada, o resultado será mais fome, mais pessoas sem cuidados básicos de saúde e mais famílias enterrando os seus membros”, disse Muhsin Siddiquey, o diretor iemenita da ONG Oxfam. 

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As Nações Unidas estimam que a ofensiva pode expulsar mais de 200 mil pessoas de suas casas, além das que já fugiram dos confrontos armados dos últimos meses perto da cidade sitiada. 

Para os aldeães obrigados a fugir, chegar a uma área segura significa atravessar as linhas de frente onde se desenrolam as batalhas, evitar os ataques aéreos e de projeteis, e atravessam campos e estradas repletas de minas terrestres. “Tudo o que trouxemos foram alguns cobertores e a roupa do corpo”, disse Jabra Sayed, mãe de quarto crianças. 

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Muitos refugiados tem ido em direção às maiores cidades, lotando ainda mais hospitais e clínicas. “Não temos recursos suficientes”, disse Muhsin Mushid, o administrador de um dos maiores hospitais do Sul do país. “Isto tem sido um pesado fardo para nós.” 

Na quinta, os Estados Unidos rejeitaram um pedido dos Emirados Árabes para o fornecimento de serviços de inteligência, reconhecimento aéreo e ajuda em operações para retirada de minas à ofensiva lançada contra o porto iemenita. 

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A negativa veio justo no momento em que as Nações Unidas fazem um esforço de última hora para evitar a tentativa de retomada do porto. Entretanto, segundo o enviado especial das Nações Unidas, Martin Griffths, a movimentação tem tido pouco progresso.