Vídeo publicado na internet pelo Estado Islâmico mostra um militante executando o jornalista japonês Kenji Goto| Foto: Reuters

Conselho de Segurança da ONU repudia "cruel e covarde" assassinato de Goto

EFE

O Conselho de Segurança da ONU repudiou neste domingo o "cruel e covarde" assassinato do jornalista japonês Kenji Goto pelo Estado Islâmico (EI), apesar das exigências que a entidade havia feito para sua "libertação imediata".

"Este crime é, mais uma vez, uma trágica lembrança dos crescentes perigos enfrentados todos os dias por jornalistas e outras pessoas na Síria", afirmou o conselho em comunicado.

Segundo o Conselho de Segurança, este crime "demonstra mais uma vez a brutalidade" do EI, "que é responsável por milhares de abusos contra os povos sírio e iraquiano", e insistiu que o grupo jihadista "deve ser derrotado".

A nota acrescenta que os membros do órgão das Nações Unidas afirmam que "os contínuos atos de barbárie" do EI reforçam a determinação do conselho para que haja um esforço comum entre os governos e as instituições para derrotar o grupo radical.

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Iraque repudia execução de refém japonês e pede união para derrotar o EI

EFE

O primeiro-ministro do Iraque, Haidar al Abadi, repudiou neste domingo a execução do jornalista japonês Kenji Goto pelo Estado Islâmico (EI), na Síria, e pediu para a comunidade internacional aumentar a cooperação para acabar com o grupo jihadista.

Em comunicado divulgado pelo escritório do Conselho de Ministros, Al Abadi mostrou solidariedade com o governo e o povo japoneses, e classificou a decapitação de Goto como "um ato criminoso e covarde".

"Este crime horrível significa um pedido à comunidade internacional para que aumente sua cooperação e coordenação a fim de dar um fim à organização terrorista do EI, que representa perigo para toda a humanidade", disse o chefe de governo.

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O governo do Japão considerou "muito provável" que o vídeo publicado na internet pelo Estado Islâmico (EI) mostrando o corpo decapitado do jornalista japonês Kenji Goto seja autêntico, disse neste domingo (1º) o ministro porta-voz, Yoshihide Suga.

Ao ser perguntado em entrevista coletiva se o Executivo considera que o corpo decapitado que aparece nas imagens é o de Goto, Suga declarou que, "levando em conta a análise realizada pela equipe científica da Agência Nacional de Polícia, é muito provável que seja autêntico".

Suga insistiu também em que o Executivo não teve contato direto com o EI, que exigia a libertação da extremista iraquiana Sajida al Rishawi, condenada à morte na Jordânia, em troca de entregar Goto, detido desde outubro, e o piloto jordaniano Moaz Kasasbeh, em poder do EI na Síria desde dezembro.

Decapitação

Um vídeo divulgado neste sábado (31) em sites ligados a grupos radicais islâmicos mostra um militante do Estado Islâmico matando o jornalista japonês, que era mantido refém pela milícia há três meses na Síria.

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Na gravação, publicada sob o título "Uma mensagem ao governo do Japão", um homem vestido de preto e encapuzado aparece com o refém japonês, que traja um macacão laranja, similar à roupa usada pelos presos da base americana de Guantánamo.

Com sotaque britânico, o militante afirma que mata o refém japonês devido à contribuição de US$ 200 milhões feita pelo governo do primeiro-ministro Shinzo Abe para os combatentes contrários o EI na Síria e no Iraque.

"Abe, devido à decisão imprudente de participar desta guerra que vocês não vencerão, este homem não só abaterá Kenji, mas também provocará uma carnificina onde seu povo estiver. Então, que comece o pesadelo para o Japão", disse o militante.

Na cena seguinte, o corpo de Goto aparece com a cabeça cortada, seguindo o mesmo roteiro de outros vídeos feitos pelo Estado Islâmico.

O primeiro-ministro do país, Shinzo Abe, disse que o Japão não se renderá ao terrorismo. "Estou extremamente furioso por estes atos odiosos e desprezíveis. Nunca perdoaremos os terroristas".

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chamou a ação de "assassinato hediondo" e mandou as condolências à família de Goto. Além de Obama, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o governo francês condenaram a nova decapitação do Estado Islâmico.

Captura

Experiente correspondente de guerra, Kenji Goto foi capturado em outubro pelo Estado Islâmico, depois que viajou à Síria para tentar libertar o empresário Haruna Yukawa, 42, que havia sido sequestrado em setembro.

No dia 20, o EI pediu US$ 200 milhões de recompensa ao Japão para liberar os dois, com um ultimato de três dias. Diante da negativa do governo japonês, Yukawa teve a cabeça cortada pelos pelos militantes do Estado Islâmico.

A notícia da decapitação veio em vídeo divulgado no dia 24. Nele, os militantes fizeram uma nova exigência para libertar o jornalista: que o Japão negociasse com a Jordânia a soltura da iraquana Sajida al-Rishawi.

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Rishawi foi condenada à morte pela Justiça jordaniana por tentar atacar um hotel em Amã em 2005, a mando da filial iraquiana da rede terrorista Al Qaeda, berço dos principais dirigentes do EI.

Após o novo pedido, as autoridades do Japão e da Jordânia se reuniram para tentar resolver a crise. O país árabe propõe trocar Rishawi pelo piloto Muath al-Kaseasbeh, capturado em dezembro, desde que houvesse provas de que o refém estava vivo.

O Estado Islâmico faz uma contra-proposta, dizendo que libertaria Kenji Goto e manteria vivo o jordaniano em troca da presa, dando quatro dias de prazo para a libertação da iraquiana. Diante da falta de resposta da Jordânia, Goto foi decapitado.