O governo do Japão considerou "muito provável" que o vídeo publicado na internet pelo Estado Islâmico (EI) mostrando o corpo decapitado do jornalista japonês Kenji Goto seja autêntico, disse ontem o ministro porta-voz, Yoshihide Suga.
Ao ser perguntado em entrevista coletiva se o Executivo considera que o corpo decapitado que aparece nas imagens é o de Goto, Suga declarou que, "levando em conta a análise realizada pela equipe científica da Agência Nacional de Polícia, é muito provável que seja autêntico".
Suga insistiu também em que o Executivo não teve contato direto com o EI, que exigia a libertação da extremista iraquiana Sajida al Rishawi, condenada à morte na Jordânia, em troca de entregar Goto, detido desde outubro, e o piloto jordaniano Moaz Kasasbeh, em poder do EI na Síria desde dezembro.
Decapitação
Um vídeo divulgado no sábado em sites ligados a grupos radicais islâmicos mostra um militante do EI matando o jornalista japonês, que era mantido refém pela milícia há três meses na Síria.
Na gravação, publicada sob o título "Uma mensagem ao governo do Japão", um homem vestido de preto e encapuzado aparece com o refém japonês, que traja um macacão laranja, similar à roupa usada pelos presos da base americana de Guantánamo.
Com sotaque britânico, o militante afirma que mata o refém japonês devido à contribuição de US$ 200 milhões feita pelo governo do primeiro-ministro Shinzo Abe para os combatentes contrários o EI na Síria e no Iraque.
"Abe, devido à decisão imprudente de participar desta guerra que vocês não vencerão, este homem não só abaterá Kenji, mas também provocará uma carnificina onde seu povo estiver. Então, que comece o pesadelo para o Japão", disse o militante. Na cena seguinte, o corpo de Goto aparece com a cabeça cortada, seguindo o mesmo roteiro de outros vídeos feitos pelo EI.O primeiro-ministro do país, Shinzo Abe, disse que o Japão não se renderá ao terrorismo. "Estou extremamente furioso por estes atos odiosos e desprezíveis. Nunca perdoaremos os terroristas".
Jordânia tenta salvar piloto de ameaça do Estado Islâmico
Efe
A Jordânia deu continuidade ontem às tentativas de salvar o piloto Moaz Kasasbeh, também refém do Estado Islâmico (EI). O porta-voz do Executivo jordaniano, Mohammed al Momani, repudiou em comunicado a execução de Goto e o terrorismo que vem sendo praticado pelo EI.
Al Momani ressaltou que seu país continua "se esforçando" para conseguir a libertação de Kasasbeh, capturado pelos extremistas no dia 24 de dezembro enquanto participava de uma ofensiva aérea da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos contra o EI.
As tensas negociações entre o grupo jihadista e os governos de Jordânia e Japão não evitaram que o jornalista japonês fosse decapitado. "A Jordânia não poupou nenhum esforço para proteger a vida do refém japonês e salvá-lo, e estava em constante contato e coordenação com o governo japonês", disse Al Momani, que acrescentou que "os terroristas recusaram todas as tentativas" jordanianas para libertar o repórter.
Em troca, o EI exigia a libertação da terrorista Sayida al Rishawi, condenada à pena de morte na Jordânia. Amã aceitou trocar Al Rishawi por Goto e Kasasbeh, mas aparentemente a negociação ficou congelada porque a Jordânia exigiu uma prova de que o piloto estava vivo.
O porta-voz da Jordânia afirmou que o país ainda tenta conseguir a "prova" que Kasasbeh continua vivo para fazer com que retorne ao país.