O Japão conta, a partir de hoje, com um Ministério da Defesa, o primeiro desde o fim da Segunda Guerra Mundial, com maior quadro de pessoal e capacidade orçamentária que o órgão que substitui, a Agência de Defesa.
O nascimento do novo Ministério, encarregado da defesa do país, tem causado preocupação entre os vizinhos asiáticos que sofreram com o passado militarista japonês, diante do perfil militar que o novo primeiro-ministro, Shinzo Abe, tem dado ao país.
Abe quer reformar a Constituição de 1947, redigida pelas forças de ocupação americanas no pós-guerra, que proíbe a participação do Japão em programas de defesa coletiva e em qualquer conflito armado, mesmo que sejam operações de paz sob o comando da ONU.
A conversão da atual Agência de Defesa num Ministério foi aprovada em novembro, na Câmara, graças à maioria parlamentar do governamental Partido Liberal Democrático (PLD), aliado ao Komeito, budista. Com o novo Ministério, as atividades de cooperação de paz das Forças de Autodefesa japonesas, com 250 mil soldados, passam a ser consideradas tarefas principais.
O novo Ministério nasceu numa cerimônia que contou com a presença do Primeiro-ministro, pouco antes do início da sua viagem por quatro países europeus, que incluirá uma visita ao quartel-general da Otan, em Bruxelas.
- Estou orgulhoso por ser o primeiro-ministro num momento em que pudemos estabelecer o Ministério da Defesa como uma organização que desempenhe um papel inalienável para a soberania nacional-, disse Abe.
O novo ministro, Fumio Kyuma, que era o diretor da Agência de Defesa, defendeu uma mudança de acordo com as novas exigências da segurança nacional. Para ele, o Ministério 'não é um fim em si, mas um começo para novas políticas'.
O Ministério tem o poder de convocar reuniões de Gabinete, propor legislação e solicitar diretamente orçamentos ao Ministério das Finanças.