Tóquio A população japonesa que sempre se manteve indiferente em relação à política hostil do regime comunista da Coréia do Norte começou a mostrar sinais de intranqüilidade com o anúncio do teste nuclear norte-coreano. O desconforto aumentou ainda mais depois de o governo de Tóquio declarar imposições de sanções unilaterais contra Pyongyang. A Coréia do Norte respondeu dizendo que vai adotar duras medidas contra o Japão. Praticamente dois terços dos japoneses dizem se sentir muito ameaçados com o anúncio do teste nuclear norte-coreano, segundo pesquisa feita pelo jornal Asahi.
Mas o que realmente está assustando as autoridades japonesas é a posição dos mais jovens, que já começam a apoiar a idéia de o país produzir a sua própria bomba atômica. O Conselho de Segurança do Japão proibiu a entrada de embarcações e produtos da Coréia do Norte. Pessoas com nacionalidade norte-coreana também estão impedidas de pisar em território japonês. Como o embargo foi adotado em meio à ameaça de declaração de guerra da Coréia do Norte, a possibilidade de atentados terroristas no Japão é uma das maiores preocupações das autoridades.
As Forças de Autodefesa e a polícia foram colocadas em estado de alerta. A vigilância foi reforçada principalmente no Mar do Japão, que separa a Península Coreana do arquipélago japonês. As autoridades sabem que, até um passado recente, espiões norte-coreanos costumavam atravessar o estreito para entrar no país. Nos trens e metrôs, passageiros são orientados a informar movimentos suspeitos. O clima de insegurança também é grande nas áreas próximas às bases norte-americanas no Japão. Residentes locais, assustados com a possibilidade de se tornarem alvo de ataques, pedem a retirada dos militares dos EUA.
Para o professor de relações internacionais da Universidade de Osaka, Yasuhiko Yoshida, os laços entre Japão e Coréia do Norte atingiram o pior momento da história. Os dois países não possuem vínculos diplomáticos, mas avançavam para a normalização das relações com a visita a Pyongyang do então primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi, em 2002. Na ocasião, o Japão se desculpou pelas atrocidades cometidas durante a colonização da península coreana (1910 a 1945) e prometeu ajuda econômica.