O governo japonês informou nesta sexta-feira (23) que continua fazendo contatos para tentar liberar dois cidadãos do país mantidos reféns pelo Estado Islâmico, horas após do fim do prazo dado pela milícia radical para pagamento de resgate.
Em vídeo divulgado na última terça (20), a facção exigiu que os japoneses pagassem US$ 200 milhões (R$ 520 milhões) para ter de volta o jornalista Kenji Goto, 47 anos, e o empresário do setor de defesa Haruna Yukawa, 42, capturados na Síria. O valor é o mesmo oferecido na semana passada pelo primeiro-ministro nipônico, Shinzo Abe, aos rebeldes sírios e ao governo do Iraque para ajudar no combate à milícia em seus territórios.
Em entrevista coletiva, o porta-voz do governo, Yoshihide Suga, disse que ainda não recebeu nenhuma mensagem da facção e que o governo japonês continuará a tentar resolver a situação dos reféns, que considerou como grave. Embora tenha dito que o país continuará a buscar os japoneses capturados, Suga reiterou que o Japão não cederá às ameaças terroristas e que não vai pagar o resgate. Nos casos em que não houve pagamento, os militantes decapitaram as vítimas.
Shinzo Abe chegou a considerar a possibilidade de um ataque ao Estado Islâmico em reunião com ministros nesta sexta. O bombardeio, porém, foi descartado devido ao impedimento que a lei coloca para ações do Exército japonês no exterior.
Durante a manhã (noite de quinta no Brasil), o canal japonês NHK disse ter recebido uma mensagem de um assessor do Estado Islâmico que teria afirmado que a milícia faria um comunicado em breve. Em fóruns e sites de radicais islâmicos na internet, militantes aliados da facção fizeram mensagens em referência ao fim da contagem regressiva. Em um deles, aparece um relógio chegando ao zero com imagens de outros reféns decapitados.
Apelo
Poucas horas antes do fim do prazo dado pelo Estado Islâmico, a mãe do jornalista Kenji Goto, Junko Ishido, pediu ao governo que salvasse o seu filho, em um apelo emocionado a jornalistas estrangeiros em Tóquio. "O tempo está acabando. Por favor, salvem a vida de Kenji", disse. "Membros de EI, por favor, libertem-no, [Kenji] não é seu inimigo", disse a mulher.
Goto é um correspondente de guerra conhecido no Japão e foi à Síria com a intenção de cobrir o conflito. O jornalista retornaria ao Japão em 29 de outubro, mas foi sequestrado dias antes, quando perdeu o contato com seus familiares e amigos.
"Meu filho sempre foi gentil desde pequeno e dizia que queria salvar a vida das crianças na guerra. Trabalhava de um ponto de vista neutro sobre os conflitos", acrescentou. "Kenji é uma pessoa com um forte sentido da justiça. Se o libertarem, ele vai se dedicar a trabalhar para o futuro da Terra e das crianças", alegou, acrescentando que ofereceria sua vida em troca pela de seu filho.
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