Os Estados Unidos e o Japão concordaram nesta sexta-feira em manter uma base dos fuzileiros navais dos EUA na ilha de Okinawa, com o primeiro-ministro do Japão, Yukio Hatoyama, ressaltando a importância da aliança militar entre os dois países, em meio às crescentes tensões na vizinha Península Coreana.

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Em comunicado conjunto, os dois aliados concordaram em mover o aeroporto militar da base para Henoko, um local mais tranquilo no norte da ilha. A decisão está amplamente em linha com um acordo fechado em 2006, com o governo japonês anterior, mas ela vai contra uma promessa de campanha de Hatoyama e isso enfureceu os moradores de Okinawa, que desejavam o fechamento total da base por causa da poluição e do barulho dos aviões, entre outros motivos.

Em discurso na rede nacional de televisão, Hatoyama pediu desculpas várias vezes aos japoneses, por não ter cumprido a promessa. Mais da metade dos 47 mil soldados norte-americanos estacionados no Japão ficam na base de Okinawa.

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"Peço desculpas sinceras por não ter sido capaz de manter a minha palavra e pior ainda, ter decepcionado os moradores de Okinawa", ele disse. Hatoyama disse que o governo japonês estudou mais de 40 lugares para receber o aeroporto militar, inclusive alguns fora da ilha, mas nenhum se mostrou adequado. Ele lembrou que o aeroporto, que também abriga helicópteros militares, é essencial para apoiar os fuzileiros navais numa emergência e lembrou os telespectadores que os eventos recentes na Península Coreana têm mantido a região "extremamente tensa".

"Ná Ásia, ainda permanecem fatores instáveis e incertos, incluído o afundamento do navio de guerra sul-coreano pela Coreia do Norte", ele disse.

"Eu tive que dar a prioridade ao acordo entre o Japão e os EUA porque manter a confiança entre nós serve aos melhores interesses", afirmou.

Em Okinawa, cerca de mil pessoas se reuniram na frente da prefeitura da cidade de Nago, onde protestaram contra o acordo, carregando faixas escritas em japonês com a palavra "raiva".

A decisão de Hatoyama já provocou uma baixa no seu gabinete. Ele demitiu nesta sexta-feira a ministra de Assuntos dos Consumidores e Igualdade de Gêneros, Mizuho Fukushima, porque ela recusou-se a aceitar o acordo. "Eu não poderia trair o povo de Okinawa" ela disse. "Eu não posso ser parte de um acordo que oprimirá Okinawa". Fukushima é do Partido Democrático Social, um partido pequeno que participa da coalizão de governo de Hatoyama Por isso, o governo do premiê não deverá sofrer abalos imediatos.

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Os EUA e o Japão possuem um acordo militar assinado em 1960, o qual inclui o Japão sob a proteção militar total norte-americana Em troca, o Japão permite que militares americanos façam amplo uso de terras e prédios na instalação de bases militares.

Os EUA e o Japão "reconheceram que uma presença militar robusta das forças americanas no Japão, no futuro, inclusive em Okinawa, nos proverá a capacidade necessária para a defesa do Japão e a manutenção da estabilidade regional", disse o comunicado conjunto, o qual foi emitido pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pelo secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, pelo chanceler do Japão, Katsuya Okada, e pelo ministro da Defesa do Japão, Toshimi Kitazawa.